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Eleições 2014

Ao pé do ouvido

Servidora pública sem filiação ao PT, Sandra Brandão ganha prestígio de Dilma Rousseff para abastecê-la de dados de programas do governo e assessorá-la em debates eleitorais

ANDRÉIA SADI DE BRASÍLIA

A obsessão da presidente Dilma Rousseff por números é quase folclórica, mas a necessidade de ter dados à mão para citar em debates e entrevistas durante a campanha pela reeleição fez sobressair uma nova personagem em sua "entourage": Sandra Brandão, conhecida como a "Google do Planalto".

Assim como o buscador da internet do qual empresta o apelido, essa servidora pública de 48 anos é responsável por fornecer à chefe dados de programas do governo com precisão de casa decimal no menor tempo possível.

"Em cinco minutos, ela levanta dados do Minha Casa, Minha Vida em São Paulo ao mesmo tempo em que checa o balanço do Mais Médicos no Nordeste. E os números só valem quando vêm dela", afirma um ministro, que pede para não ser identificado.

Chefe do gabinete-adjunto de informações em apoio a decisões do governo, a assessora era um personagem com raras aparições públicas até agosto, quando a campanha começou a ganhar corpo.

Avessa a entrevistas, ela saiu dos bastidores quando foi escolhida por Dilma para assessorá-la no palco dos debates eleitorais, ao lado do marqueteiro João Santana.

Assessores da presidente afirmam que Sandra atua na campanha fora do expediente, assim como ministros e outros integrantes do governo.

Em 2010, o papel que ela tem hoje cabia a Antonio Palocci, homem-forte do começo do mandato de Dilma que caiu da Casa Civil após não explicar de quem havia recebido como consultor privado.

Economista e sem filiação ao PT, Sandra foi analista da Fundação Seade, espécie de IBGE de São Paulo. Ela está no governo federal desde 2000, cedida pelo governo paulista, onde ingressou em 1994.

A ida dela para Brasília foi um pedido do ex-ministro de Ciência e Tecnologia Ronaldo Sardenberg, durante o governo FHC. No governo Lula, ficou de 2003 a 2007 no Ministério do Trabalho a convite de Jaques Wagner, atual governador da Bahia pelo PT.

Passou pela Casa Civil chefiada por Dilma entre 2007 e 2010, quando saiu para reforçar a campanha da então ministra à sucessão de Lula.

Foi lá que trabalhou ao lado de Clara Ant, ex-assessora do governo Lula, na produção de informações para a preparação da candidata nos eventos eleitorais. "Sandra é de uma competência altíssima, tem percepção política e capacidade técnica", afirma Clara, hoje no Instituto Lula.

Ela relembra a parceria nas madrugadas viradas trabalhando na campanha passada. Mas diz que a amiga surpreendia ao chegar ao comitê no dia seguinte "alegre" e "com a cabeça no lugar". "Ela é incansável", afirma Clara.

'PASSOU PELA SANDRA?'

Descrita como "mineiríssima", Sandra foi presenteada no seu aniversário de 2010 com sua "especialidade": uma ficha técnica elaborada pela equipe de Clara durante a campanha com dados sobre Pompéu (MG), sua cidade, nos mesmos moldes das fichas produzidas para Dilma sobre municípios brasileiros.

Com a eleição de Dilma, Sandra assumiu o papel de Clara. É dela a missão de coletar dados de ministérios e sintetizá-los para a petista.

Para isso, conta com uma equipe de 19 assessores, cinco secretárias, dois contínuos e dois estagiários. "É um perfil específico, não é tarefa simples. Ela e a equipe dela têm uma postura muito colaborativa", diz a ministra Miriam Belchior, do Planejamento.

Além da assistência nos debates, Sandra checa e repassa dados dos discursos de Dilma no Planalto e fornece subsídios para propagandas na TV produzidas por João Santana.

Quando um ministro chega com um número para Dilma, não é incomum ouvir: "Já passou pela Sandra?". A confiança da presidente na funcionária fica evidente em um episódio relatado por um ministro.

Às vésperas de deixar o Ministério da Saúde para se dedicar à sua campanha ao governo paulista pelo PT, Alexandre Padilha queria divulgar na despedida uma estatística sobre o Mais Médicos.

Sandra corrigiu o dado e Dilma chamou atenção do ex-ministro por querer "inflá-lo".

Na semana passada, em entrevista ao "Bom Dia Brasil", da TV Globo, Dilma errou dados econômicos sobre EUA e Alemanha. Mas, segundo assessores, Sandra não teve responsabilidade --por cuidar somente de dados de programas do governo, e não dos de economia internacional.

Apesar de integrar o seleto grupo que pertence à cota de Dilma, a assessora não escapa da ira da chefe, conhecida por não economizar nas broncas aos subordinados.

"Neste governo, é sinal de prestígio", diz um assessor.


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