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Painel do Eleitor

MARCELO COELHO

'Se tivesse de escolher hoje, seria Marina'

Ex-eleitor de Maluf, evangélico rejeita PT e PSDB e se inclina pela candidata do PSB

Depois de trabalhar 17 anos numa fábrica de acessórios para motocicletas, Paulo Rodrigues de Brito teve de achar outra profissão. A concorrência com produtos chineses quebrou a empresa, especializada em produzir os baús --ou "bauletes", como ele esclarece-- que ficam na traseira das motos.

Desde 2011, Paulo faz serviços de encanamento, eletricidade e construção, atendendo na casa de três andares em que mora com a mulher, a assistente administrativa Paula, e o filho de três anos.

Enquanto o menino Gabriel assistia desenhos animados no laptop, Paula foi buscar o marido, num carro comprado há um ano, para fazer a entrevista. Naquele bairro de classe média, na região do Ipiranga, a procura por serviços de reforma é alta "e está estável", diz Paulo.

Tanto assim, que foi possível fazer muitas melhorias e construir mais um andar na casa onde moram ("em 2005, quando compramos, era feinha"). Gabriel frequenta uma escolinha particular, e Paulo espera poder mantê-lo fora do ensino público no futuro.

O casal vai três vezes por semana ao culto evangélico, mas Paulo, que veio de Itapipoca, no Ceará ("a cidade do Tiririca", explica sorrindo), para São Paulo em 1994, não vê relação determinante entre a fé e a melhoria de suas condições financeiras.

"Deus me ajudou dando saúde e coragem para trabalhar", diz Paulo, 39, mas a verdadeira mudança que a igreja lhe trouxe "foi interior". Não se sente mais "oprimido", e conhece "nova alegria de viver" desde que entrou na Comunidade Evangélica Ser Livre, em 2006. Sua mulher, que era católica praticante, agora frequenta o mesmo culto.

O fato de Marina Silva ser evangélica não é relevante para Paulo. "Uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa", diz ele, e para administrar um país é preciso cuidar de outras questões que não a religiosa. Ele acrescenta: quando algum político levanta a bandeira da religião, "como o Feliciano", surgem muitas pressões, e é melhor não misturar isso com a política.

Ao contrário da mulher, que deve votar em Marina por "representar uma inovação", e por ter identidade própria, "sem ser indicada por Lula", Paulo estava indeciso na quinta-feira (2) à tarde, quando foi entrevistado.

"Vou esperar o debate, e ver quem tem mais propostas concretas", disse ele. Está insatisfeito com o governo Dilma, pelas razões "que todo mundo cita": saúde, segurança e educação. Suas críticas se estendem ao governo Alckmin. Os problemas da violência, da assistência médica e da escola pública "são um conjunto", diz Paulo, "tanto no governo federal como no estadual".

Ele rejeita o PSDB "até mais do que o PT". Nunca votou em Covas, Serra ou Alckmin. Na eleição presidencial de 2010, foi de Marina no primeiro turno e escolheu Dilma no segundo. "O que me espanta no Alckmin", diz Paulo, "é ele ter passado o tempo todo sem falar em mudar a lei penal, e só agora, com as eleições, dizer que vai apresentar um projeto com aumento das penas".

Paulo aprova a prisão de José Dirceu e outros envolvidos no mensalão, mas diz que se revolta ao ver Aloizio Mercadante "tirando foto ao lado da Dilma". Estava pronto a votar em Paulo Maluf para deputado federal. "Mas quando fui ver o número dele na internet", conta, "vi que estavam cassando a candidatura". "Votei em Maluf em outras eleições", explica, "mas, na época, não eram tão firmes as acusações contra ele".

Volto a falar com Paulo na sexta-feira (3), depois do debate na TV. Ele continua indeciso. Rindo, diz que até gostou mais de Levy Fidelix. Achou certas as respostas do candidato do PRTB a Eduardo Jorge (PV) e Luciana Genro (PSOL) em torno da acusação de homofobia.

Concordou com as críticas de Marina Silva (PSB) a Aécio Neves (PSDB). Para Paulo, o tucano deixa para apresentar suas propostas "só quando for eleito", mas deveria divulgá-las antes. Paulo não aceita, ademais, a acusação de que Marina compactuou com irregularidades do PT durante o governo Lula: "Largou deles para não se corromper".

O debate "não melhorou muito" seu estado de dúvidas com relação às candidaturas. Paulo prefere esperar. "Mas se eu tivesse de escolher hoje, seria Marina."


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