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Alckmin deve ser reeleito no 1º turno
Crises da água e do cartel dos trens não abalaram popularidade do governador, que tem 59% dos votos válidos, segundo Datafolha
Estabilidade do tucano é combinação de perfil apagado, que gera pouca rejeição, e estratégia agressiva
Às vésperas do início da campanha à reeleição, quando ainda traçava os planos para sua terceira batalha pelo comando do governo paulista, Geraldo Alckmin (PSDB) previa uma disputa dura até o final do segundo turno.
Sob uma gestão fustigada pela crises da água e do cartel dos trens, o tucano entrou no processo eleitoral com a certeza de que estava diante da eleição mais difícil que já enfrentou em São Paulo.
A aposta era de que, influenciada pelos protestos de junho, a disputa deste ano fosse a da renovação política, o que contrastava com a defesa dos quase 20 anos do PSDB à frente do governo estadual.
O cenário, portanto, parecia menos favorável que o de 2010, quando o tucano venceu no primeiro turno com uma vantagem apertada.
As previsões esboçadas pelo governador, no entanto, não se concretizaram. Segundo o Datafolha, ele deverá ser reeleito neste domingo (5), em primeiro turno, com 59% dos votos válidos.
Se confirmado o resultado nas urnas, será o governador eleito com o melhor desempenho em São Paulo desde a redemocratização do país.
Em três meses, ataques e críticas ao tucano não derreteram sua intenção de voto. Em setembro, a exploração pelos adversários de manchete da Folha de que uma de suas principais bandeiras eleitorais, o Detecta, foi maquiado na propaganda na TV causou preocupação à cúpula tucana.
Com as investidas, a expectativa era de que ele perdesse intenção de voto. Em vez de cair, porém, foi de 49% para 51%. "Esse homem é assustador", disse à época um aliado.
O desempenho impressionou até mesmo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o qual admitiu que não entende como Alckmin se descolou dos problemas de sua gestão.
"Eu não sei o que está acontecendo. Essas coisas que ocorrem com o comportamento do povo, a gente nunca consegue descobrir na hora. Às vezes, leva tempo para descobrir. Até hoje, tem gente analisando [os protestos de] junho", afirmou.
ESTABILIDADE
A estabilidade do tucano é resultado da combinação de uma estratégia política agressiva com um perfil pessoal apagado, com pouco potencial para provocar rejeição.
"O perfil dele não atrai antipatia. Tornou-se um Teflon, nada gruda e não há como brigar com ele", explicou Roberto Romano, professor de filosofia política da Unicamp.
Para evitar um segundo turno, às vésperas da disputa estadual, o tucano conseguiu evitar a candidatura de Celso Russomanno (PRB). Em 2010, ao lado de Aloizio Mercadante (PT), o ex-deputado federal ameaçou a vitória do governador no primeiro turno.
Para impedir que seu adversário Paulo Skaf (PMDB) assumisse o rótulo do novo, associou-o a nomes tradicionais, como Paulo Maluf (PP) e Antonio Fleury (PMDB).
Com o poder da máquina pública, o governador consolidou uma rede de puxadores de votos formada por prefeitos e deputados. A iniciativa provocou traições e desidratou adversários no interior, seu maior reduto eleitoral.
O tucano beneficiou-se ainda dos erros dos adversários, que não se estabeleceram como alternativa a ele, e da alta rejeição do PT em São Paulo.
"O perfil dele tornou-se maior que a imagem da gestão dele, que é cheia de problemas", resumiu um adversário.