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Eleições 2014

Casamento de votos

Ancoradas na imagem dos maridos, ao menos 24 primeiras-damas ou mulheres de políticos se elegeram; no Tocantins, dona de casa 'mãe Dulce', 50, foi a mais votada; no Ceará, briga partidária impulsionou Laís, 26

JULIANA COISSI DE SÃO PAULO

A administradora Laís Nunes, 26, tem no currículo oito meses num cargo de confiança na Prefeitura de Fortaleza. Antes, estagiou com o tio e cuidou dos filhos pequenos.

Agora, uma eleição depois, será deputada estadual no Ceará pelo Pros, cadeira hoje ocupada pelo marido Neto Nunes (PMDB), 46, ex-prefeito de Icó, no semiárido.

O nome foi parar nas urnas por um arranjo local: o marido é próximo ao governador Cid Gomes (Pros), que rompeu com o PMDB. Para evitar retaliação do partido, lançou a mulher, que ficou livre para defender os nomes de Cid.

"Nunca pensei em disputar nada, mas aprendi a gostar da vida pública", diz ela, que conseguiu 49 mil votos após cruzar o Estado fazendo o "L" com os dedos, sob o lema "renovação e tradição".

Como ela, ao menos 24 primeiras-damas e mulheres de políticos venceram eleições pelo país no domingo (5).

No Tocantins, a dona de casa Dulce Miranda (PMDB), 50, cumpre há anos o roteiro de primeira-dama: festas de Natal e Dia das Mães, bazares beneficentes e visitas a famílias carentes.

Numa campanha colada à do marido, o ex-governador Marcelo Miranda (PMDB), agora governador eleito, foi a deputada federal mais votada no Estado: 76 mil votos.

"O eleitor quer intimidade com o candidato, e isso nós dois sempre tivemos", diz a "mãe Dulce" --como diz ser chamada nas ruas--, fã de cavalos e livros de autoajuda.

No pacote de promessas das eleitas, a defesa de serviços especializados para a mulher, como delegacias (promessa de Laís) e centros de saúde (bandeira de Miranda).

"A política nunca esteve em meu plano de vida", diz a relações-públicas Regina Becker Fortunati (PDT), 57, em meio a cães e gatos, num vídeo da candidatura.

Apoiada em sua militância pela causa animal, a mulher do prefeito de Porto Alegre, José Fortunati (PDT), elegeu-se para a Assembleia com 46 mil votos e o mote "Pelos animais, por todos nós".

Dona de 35 cães e gatos e especialista em patrimônio histórico, ela cursa direito e diz ler sobre poluição ambiental e defesa dos animais.

"No início até fui vista com preconceito: primeira-dama não deveria se envolver mais com animais do que com causas humanas. Uma coisa não exclui a outra", afirma.

Primeira-dama de Ipojuca (PE), a pediatra Simone Santana, 51, diz que um "consenso" motivou sua candidatura. Coordenadora social e secretária da Saúde em gestões do marido, concorreu prometendo "cuidar da gente" e somou mais de 73 mil votos para o Legislativo estadual.

"Agora com as filhas crescidas, achei que poderia retribuir o carinho das pessoas", diz ela, que gastou R$ 815 mil na campanha, alvo de denúncias (prontamente negadas) de compra de apoio.

SOMBRA

Eleitora de Dilma (PT), a cearense Laís diz não se importar com acusações de inexperiência. "Sou jovem, porém tenho certo conhecimento. E poderei contar com a experiência dele [marido]. Mas será meu mandato", diz.

Com um mandato em Brasília pela frente, enquanto o marido tocará o Tocantins desde Palmas, Dulce desdenha a pecha de "sombra" do companheiro.

"Tenho orgulho de tê-lo como exemplo. Nós nos complementamos", afirma.


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