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Acesso à faculdade cresce, mas atraso ainda é desafio

Entre estudantes de 18 a 24 anos, quase metade dos que não se declaram brancos ainda está no ensino médio, apesar de evolução na última década

PEDRO SOARES DO RIO

Mais da metade (51,3%) dos estudantes brasileiros entre 18 e 24 anos está na universidade. Bem mais que a metade (65,7%) dos brancos desse grupo está na faculdade. Bem menos da metade (35,8%) dos pretos e pardos do mesmo grupo está lá.

Os números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE são eloquentes. Jovens que se autodeclaram pretos e pardos chegam cada vez mais à universidade, porém ingressam atrasados no ensino superior e ainda estão longe do patamar dos alunos brancos.

Nessa faixa de idade, quando normalmente os estudantes cursam o ensino superior, o número de alunos que ainda frequentam o ensino médio, ou seja, que estão atrasados escancara a diferença: são 24% dos brancos e quase a metade, ou 45%, dos pretos e pardos. No outro extremo, entre pessoas de mais de 15 anos que frequentam cursos supletivos, em busca justamente de compensar o atraso, 61,8% se dizem pretas ou pardas, e 37,2%, brancas.

Para Ana Lúcia Saboia, gerente do IBGE, os dados de educação -e não apenas de acesso ao ensino superior- mostram um "grande avanço" principalmente no grupo de pretos e pardos, embora ainda persista "uma desigualdade muito grande".

Tal desigualdade, diz, é "muito mais fruto" de um ingresso dificultado de pretos e pardos no ensino médio do que uma questão de preconceito. "É mais uma questão de acesso e renda", diz.

De 2001 a 2011, o acesso de pretos e pardos à universidade deu um salto de 207%, mas os dois grupos ainda não atingiram o ingresso no ensino superior dos brancos de dez anos antes. A diferença se sustenta mesmo quando considerados estratos de faixas de renda iguais.

Segundo o IBGE, 24,5% dos jovens brancos mais pobres (renda domiciliar per capita de até 1/2 salário mínimo) tinham, no ano passado, acesso à universidade, mais que os 9,8% das populações preta e parda somadas.

No total, os brancos matriculados no ensino superior subiram de 39,6% em 2001 para 65,7% em 2011. Nesse intervalo, o total de pretos e pardos no ensino superior cresceu de 10,2% para 35,8%.

Para Marcelo Paixão, professor do Instituto de Economia da UFRJ, isso mostra que o problema do acesso dos jovens negros às universidades se reporta não somente às condições econômicas.

Fosse essa a única explicação, diz, o percentual de pretos e pardos frequentando instituições de ensino superior seria igual ao de brancos em igual condição de renda.

Pelo lado da oferta, o Prouni (Programa Universidade para Todos) e o Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) contribuíram para o atendimento da demanda crescente por vagas, consequência do aumento do número de alunos no ensino médio.

Já José Luiz Petruccelli, técnico do IBGE, afirma que o nível de instrução das famílias negras, historicamente mais baixo, favorece a situação de desigualdade. Apesar do maior acesso de pretos e pardos à universidade, o diferencial para os brancos se mantém praticamente inalterado em todas as faixas de renda.

Essa diferença vai sumir apenas entre os mais velhos. Das pessoas de 25 a 64 anos, 5,2% dos que se dizem brancos e 5,1% dos que se veem pretos ou pardos são alunos tardios e frequentam escola.


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