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Ouro de paulistas ergueu bandeira de concreto
Edifício perdeu imponência por causa da verticalização no centro
Muito paulistano passa pela rua Álvares Penteado, na altura do número 23, e não percebe que uma enorme bandeira do Estado de São Paulo se estende sobre sua cabeça.
Mas vale avisar: ela não é de pano. Mede 50 m de altura e 30 de largura e forma uma onda, como se estivesse tremulando ao vento. É ela que dá forma à fachada do edifício Ouro para o Bem de São Paulo, construído em 1939.
Imponente quando erguido, o prédio em estilo art déco, a dois quarteirões do Pateo do Collegio, hoje está espremido na paisagem, escondido por outras construções. Por isso, é preciso parar para ver os detalhes dele.
Mais que ser um mero capricho, o formato curvo dado ao concreto -com 13 listras horizontais e um círculo no alto, à esquerda- tem significado histórico.
"O prédio foi feito de ouro", diz o engenheiro civil Américo Belau, 64, que trabalha no local. Explica-se: a edificação foi bancada com a sobra do dinheiro obtido com as alianças de casamento doadas por paulistas para financiar a Revolução de 1932.
A Santa Casa de Saúde, escolhida para receber o excedente, usou-o na obra, com 13 andares e 210 salas -a maioria atualmente alugadas por advogados. O ex-presidente Jânio Quadros (1917-1992) teve um escritório ali.
Após um pedaço da fachada se soltar, em dezembro, o prédio-bandeira foi coberto por uma tela gigante, para prevenir acidentes. A Santa Casa procura empresas para patrocinar uma futura reforma, orçada em R$ 1,5 milhão.