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Academia se une à indústria para financiar inovação

Parcerias entre mercado e universidade se ampliam, mas investimento privado é tímido

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Enquanto Congresso e Justiça se debruçam sobre a polêmica distribuição dos royalties do pré-sal, a milhares de quilômetros de Brasília uma parceria entre uma universidade e uma petrolífera se concentra no desenvolvimento da tecnologia para viabilizar a exploração do óleo.

A interação entre a Coppe/UFRJ e a Petrobras não é nova, mas enfrenta um momento especialmente fértil em virtude dos desafios da nova fronteira petrolífera.

Iniciada em 1977, a parceria gerou mais de 3.000 projetos conjuntos e levou ao desenvolvimento da tecnologia de exploração de petróleo e gás offshore (em alto mar) que tornou a instituição uma referência mundial. A Coppe foi responsável pela formação de mais da metade dos técnicos do Centro de Pesquisas da Petrobras.

Instada pelos desafios tecnológicos do pré-sal, a universidade constrói um parque tecnológico na parte sul da Cidade Universitária, na Ilha do Fundão.

Ali, mais de dez centros de pesquisa estão sendo implantados por gigantes do setor, como Halliburton, Siemens, FMC Technologies, BG Group e GE. São investimentos que devem chegar à casa do R$ 1 bilhão e gerar 5.000 empregos (hoje trabalham 1.200 pessoas no parque).

A relação entre academia e indústria é de mão dupla. Para a universidade, as novas receitas turbinam bolsas de pesquisa e permitem arcar com os custos de laboratórios e equipamentos de ponta.

Por contrato, cada empresa de grande porte instalada no parque terá de investir ao menos R$ 3 milhões anuais durante os primeiros cinco anos em projetos de pesquisa e cooperação com a UFRJ.

"Quem pensa em ser pesquisador não precisa mais estar preso necessariamente à universidade. Ele pode seguir para o setor privado", diz o diretor do parque tecnológico da UFRJ, Maurício Guedes.

ESPAÇO PARA CRESCER

Embora exemplos deste tipo de financiamento de pesquisa se multipliquem no país, há muito espaço para crescer. O investimento privado não chega à metade (45,7%) do recurso total aplicado na área no Brasil, segundo o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, contra 70% em países inovadores, como EUA, Alemanha e China.

O empresário Ronaldo Nóbrega sabe bem o que é estar do outro lado do balcão. Depois de 35 anos de carreira acadêmica na engenharia química da UFRJ, montou, com outros dois professores e uma ex-aluna da universidade, a PAM-Membranas Seletivas, a primeira empresa de produção de membranas na América Latina.

Gerada a partir de pesquisas no Laboratório de Processos de Separação por Membranas da Coppe, a empresa mudou-se para o parque tecnológico em março de 2009 e mantém uma estreita relação com a academia.

"A universidade entra com o desenvolvimento mais fundamental e nós levamos a pesquisa para a produção industrial. Esta é a grande vantagem de estar no parque", afirma Nóbrega.

A empresa já fatura mais de R$ 2 milhões anuais e tem como clientes Dell, Dupont e Votorantim, entre outros.

Apesar do interesse estrangeiro no setor de petróleo e gás brasileiro, a Petrobras continua sendo a principal fonte de financiamento de P&D no país. A estatal projeta injetar R$ 1,4 bilhão em parcerias com universidades e centros de pesquisas entre 2011 e 2014. O dinheiro tem como destino uma rede de mais de 70 laboratórios, que trabalha para resolver gargalos tecnológicos do país.

Entre esses laboratórios está o TPN (Tanque de Provas Numérico) da Escola Politécnica da USP. Criado em 2002 em conjunto com a estatal, é pioneiro no estudo de hidrodinâmica aplicada e um dos mais modernos do mundo.

Por encomenda da Transpetro, o TPN desenvolveu um sistema totalmente nacional capaz de simular manobras de atracação arriscadas ou realizadas depois de obras em portos brasileiros. A pesquisa levou dois anos e envolveu 25 pessoas, desde bolsistas de iniciação científica a pós-doutorandos em Engenharia Naval e de Software.

"É uma parceria muito benéfica para ambos os lados. Na engenharia, é muito importante trabalhar com problemas reais", observa o professor Eduardo Tannuri, um dos coordenadores do TPN.


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