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Crescem opções interdisciplinares

Do total de pedidos de novos programas, um quinto se refere a opções que unem várias áreas

TALITA FERNANDES COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quando um curso de pós-graduação -seja ele mestrado, doutorado ou mestrado profissional- envolve várias áreas do conhecimento para discutir um mesmo objeto de pesquisa, ele é chamado pela Capes de interdisciplinar.

O coordenador desse tema no órgão federal de educação, Pedro Pascutti, professor-titular da UFRJ, explica que todos os anos a instituição recebe novas propostas de cursos de pós-graduação e que um quinto do total costuma ser interdisciplinar.

Atualmente, a Capes tem aprovados 321 cursos de pós-graduação interdisciplinar em todo o país.

Segundo Pascutti, são dois os perfis de universidade que querem criar programas desse tipo: as pequenas, que ainda não têm muitas áreas consolidadas, e as tradicionais, que querem unir disciplinas para realizarem pesquisas.

Não basta, contudo, apenas reunir várias áreas do conhecimento para criar um curso interdisciplinar.

"É necessário que o curso tenha uma identidade própria", destaca.

De acordo com a pró-reitora de pós-graduação da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Joana Maria Pedro, aprovar um curso interdisciplinar exige uma definição clara do programa.

Ela conta que a Capes só concedeu a aprovação à universidade quando ficou "muito claro" para o órgão qual era o objetivo do programa.

Para a pró-reitora, os cursos interdisciplinares são uma tendência. "Só nos nossos sonhos que os objetos de análise são disciplinares. O olhar interdisciplinar é muito útil."

Para Pascutti, a tendência dos cursos interdisciplinares se deve, principalmente, ao contexto contemporâneo, como o processo de globalização e questões ambientais.

A busca por um curso interdisciplinar foi a saída encontrada por Deise Fernandes do Nascimento, 36.

Formada em serviço social pela Unicsul, a profissional quis ampliar seus conhecimentos para trabalhar com temáticas relacionadas à criança e ao adolescente.

Após a graduação, fez um curso sobre educação inclusiva pela PUC-SP e um na USP sobre combate de violência doméstica contra crianças e adolescentes. Quando soube que o campus de Guarulhos da Unifesp ia abrir mestrado em Educação e Saúde, decidiu se inscrever.

"Serviço social é bem interessante, mas eu queria ampliar o que eu sabia. Esse curso da Unifesp me chamou a atenção porque envolvia educação e saúde. Com ele eu conseguiria ampliar meus estudos e fazer as pesquisas que eu queria", diz.

Para o coordenador do Programa de pós-graduação em Educação e Saúde na Infância e na Adolescência da Unifesp, Marcos Cezar de Freitas, o objeto de estudo do programa não poderia ser abordado de maneira disciplinar.

Freitas afirma que existem objetos de estudo na área da educação que precisam de outros objetos da saúde, e vice-versa. Por exemplo, para estudar as dificuldades da aprendizagem.

"Quando o assunto é abordado apenas com a saúde, corre o risco de se limitar a discussões patológicas. Se ficar só na área da educação, corre-se o risco de que o problema fique apenas nas questões sociais", explica.

O programa foi criado em 2008 e teve início no ano seguinte. Freitas explica que os alunos têm uma formação bastante diversificada: são médicos, pedagogos, antropólogos, enfermeiros etc.

Até o momento, duas turmas já foram formadas e a terceira está em andamento. O próximo passo é criar um curso de doutorado.

MERCADO DE TRABALHO

No caso da Universidade Federal do ABC, além de oferecer cursos de pós-graduação interdisciplinares, a instituição também oferece bacharelados interdisciplinares.

De acordo com o professor titular e coordenador do programa de Nanociências e Materiais Avançados, Fábio Furlan Ferreira, a formação interdisciplinar é um diferencial que tem aplicação grande no mercado.

Segundo ele, essa formação favorece os alunos da UFABC, já que a universidade está localizada em uma região com muitas indústrias, e a formação ampla ajuda na atuação dos alunos tanto em pesquisas acadêmicas quanto em empresas.

A UFABC oferece também cursos de bacharelado interdisciplinar em Ciência e Tecnologia e Ciência e Humanidades e discute a criação de novos cursos.

Os alunos têm uma formação mais ampla nos primeiros anos e depois podem optar por um bacharelado interdisciplinar.

Juliana Alves Pereira Sato, 30, fez graduação em física, mestrado interdisciplinar em nanociências pela UFABC e atualmente é doutoranda do mesmo programa.

"Procurei o curso porque as disciplinas de física não eram tão interessantes quanto as desse programa", afirma Sato.

Para ela, os cursos interdisciplinares são um diferencial competitivo.

"O mercado procura esse profissional que consegue conversar com todas as áreas", opina.

Sato explica que inclusive concursos para professor de universidades públicas estão deixando de aceitar inscritos de uma formação específica e aceitando "físicos e áreas afins", por exemplo.


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