Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Especial

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Boate tinha licença para só 691 pessoas

No dia da tragédia, casa noturna tinha entre 900 e 1.000 frequentadores, segundo a polícia, que investiga superlotação

Se respeitado o limite, a saída seria adequada, dizem bombeiros; local não tinha autorização para utilizar fogos

REYNALDO TUROLLO JR. ENVIADO ESPECIAL A SANTA MARIA

A casa noturna Kiss, em Santa Maria (RS), onde 231 pessoas morreram em um incêndio no domingo, estava autorizada a receber até 691 pessoas, informou o comando do Corpo de Bombeiros gaúcho.

Naquele dia, abrigava entre 900 e 1.000, segundo a polícia.

O plano de segurança da casa, que estava vencido, também não previa o uso de fogos em seu interior.

Um dos pontos de investigação é que a superlotação tenha impedido uma saída rápida do prédio, expondo por muito tempo as vítimas à fumaça. Elas morreram por asfixia ou intoxicação (leia na pág. C6).

A casa não possuía portas de emergência, o que não é uma obrigação, desde que respeite o limite estabelecido em seu plano de segurança.

"A norma brasileira 9077 [que dispõe sobre saídas de emergência] diz que a saída deve ser adequada ao número de pessoas autorizadas no local. Para aquele número, 691 pessoas, aquela abertura era suficiente", disse à Folha o comandante do Corpo de Bombeiros do RS, coronel Guido Pedroso de Melo.

A porta tem cerca de 4 m de largura. Anteontem, o delegado Sandro Meiners disse que ela era "pequena" para um local com aquele público.

Os bombeiros são responsáveis por aprovar o plano de segurança. O da Kiss expirou em agosto -a licença da prefeitura também estava vencida.

"Fizemos vistoria assim que o alvará expirou e verificamos que os itens mínimos de segurança -iluminação e sinalização de emergência, além dos extintores- estavam em dia", afirmou o coronel.

Os donos da Kiss já haviam solicitado renovação. "A lei diz que, enquanto está em andamento a renovação, não há motivo para interditar o local se ele tem [equipamentos de] prevenção. E ele tinha."

No entanto, diz ele, para usar artefatos pirotécnicos seria preciso pedir permissão aos bombeiros, com a apresentação do projeto de prevenção de incêndio específico.

Segundo a polícia, o fogo começou quando um integrante da banda ergueu um artefato chamado de "vela fria", uma espécie de sinalizador.

Faíscas atingiram o teto, revestido de espuma para isolamento acústico -material inflamável, conforme os bombeiros-, iniciando as chamas.

Anteontem, um segurança da casa e o guitarrista da banda afirmaram à Folha que tentaram conter as chamas, mas os extintores não funcionaram.

O coronel disse que, na vistoria em 2012, os bombeiros se certificaram de que os extintores estavam dentro do prazo de validade. "Pode ter sido a maneira que ele foi manuseado no momento de pânico. A perícia vai dizer se a validade e a carga estavam em dia."

Questionados sobre a superlotação, os advogados da boate não se manifestaram.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página