Folha de S.Paulo

Atletismo dá as costas à sede dos Jogos

DO RIO

Após os desportos aquáticos, é vez de o atletismo protestar contra as condições para suas modalidades no Rio, cidade-sede da Olimpíada.

A Confederação Brasileira de Atletismo transferiu do Engenhão para o Mangueirão, em Belém, a disputa do GP Brasil, principal evento do seu calendário. A competição está marcada para 12 de maio.

A decisão, segundo Martinho Nobre dos Santos, superintendente técnico da entidade, foi tomada antes mesmo da interdição do estádio carioca por problemas na estrutura da cobertura.

"Nós havíamos desistido por falta de apoio das autoridades do Rio", afirmou.

Ele acusa o Botafogo, responsável pela gestão do Engenhão, de criar empecilhos para a utilização das duas pistas de atletismo -a principal, no estádio, e a auxiliar, no campo de aquecimento.

"A ideia era que a pista auxiliar pudesse ser usada para treinos e ser uma opção para competições estaduais ou de menor porte", disse. "Mas nada disso ocorreu."

O Botafogo afirma que sempre recebeu os atletas, mas que a utilização do espaço é limitada por conta do futebol. O clube usa o campo auxiliar do Engenhão para a maior parte de seus treinos.

Por fim, Santos classifica de "lamentável" a falta de locais para a prática do atletismo no Rio. O Célio de Barros, histórico estádio ao lado do Maracanã, foi fechado e será demolido por conta das obras para a Copa de 2014.

"É lamentável que uma obra pública que custou um valor muito acima do previsto tenha sido construída com um erro de cálculo em parte de sua estrutura, com conhecimento das autoridades responsáveis. Num pais correto isto jamais seria admissível."

A construção do Engenhão custou R$ 380 milhões aos cofres públicos, mais de seis vezes o orçamento original.

A situação é parecida com a dos nadadores, despejados do Parque Aquático Julio Delamare. Ontem, foi anunciado que o Troféu Brasil de saltos ornamentais, semana que vem, será no Fluminense.