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Fonte Nova reabre cinco anos após morte de 7

2013/2014 Réus de incidente em novembro de 2007 foram absolvidos

NELSON BARROS NETO DE SALVADOR

A Fonte Nova será reaberta hoje em Salvador sem ninguém ter sido punido pela tragédia que matou sete torcedores e levou à interdição do local, em novembro de 2007.

A arena será sede, às 16h, de Bahia x Vitória, pela segunda fase do Baiano. Em junho, serão três jogos da Copa das Confederações e, em 2014, seis da Copa. Mas o técnico em contabilidade Luciano de Jesus, 35, não pretende ir a nenhum deles.

Ele perdeu a mulher e dois amigos há cinco anos e quatro meses, naquele Bahia x Vila Nova-GO, da Série C do Brasileiro. Quando parte do anel superior desabou, viu a mulher caindo a seu lado. "Não consegui segurá-la."

Cinco pessoas foram indiciadas pela polícia na época. Apenas duas viraram rés no processo criminal e acabaram absolvidas tanto em primeira instância, em 2009, quanto no Tribunal de Justiça da Bahia, no ano seguinte.

Os réus eram Bobô, ídolo do Bahia e diretor da autarquia estadual que dirigia o estádio, e o engenheiro civil Nilo Júnior, que era gerente de operações da praça.

Ambos haviam sido denunciados sob acusação de homicídio culposo (sem intenção), mas a Justiça entendeu que não havia provas.

"Se tivesse morrido gente importante, ficaria por isso mesmo?", questiona Luciano.

"Até hoje, não me conformo com a decisão", diz o promotor do caso, Maurício Cerqueira. "Estamos realmente no país da impunidade."

"A tese da defesa foi a de que era impossível prever um acontecimento daquela natureza, mas existiam no processo laudos do Corpo de Bombeiros e da Superintendência Municipal de Controle do Solo desaconselhando a liberação do anel superior do estádio", diz Cerqueira.

O promotor critica até o próprio Ministério Público, pois não houve recurso no Superior Tribunal de Justiça.

Procurado pela Folha, o núcleo de recursos da Promotoria não se manifestou.

Há um processo cível contra os mesmos Bobô e Nilo Júnior por improbidade administrativa, mas sem decisão.

Ambos se limitaram a dizer à reportagem que já foram julgados, inocentados e nada mais têm a provar.

"Não quero nem passar perto dessa nova arena. É emoção demais para um velho pai", diz Elias Santos, 60, cuja filha Midiã, 24, foi uma das sete vítimas.

Os familiares receberam R$ 25 mil da seguradora contratada pela CBF para o campeonato e recebem um salário mínimo mensal (R$ 678) do governo baiano, antigo administrador da arena.

A Fonte Nova será gerida pelos próximos 35 anos por OAS e Odebrecht, que demoliram o velho estádio e fizeram as obras de R$ 689,4 milhões -quase R$ 100 milhões a mais que a última previsão.

Apesar disso, o custo extra será bancado pelo Estado.

Os cerca de 41.500 ingressos para o jogo inaugural se esgotaram em um dia, com tumulto, seis feridos e funcionários pegos vendendo bilhetes clandestinamente.


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