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Fábio Seixas

Fora da ordem

Dilemas éticos à parte, o fato é que Vettel foi sincero ao falar da crise com seu companheiro

Alguma coisa está fora da ordem, também na F-1.

Primeiro, Vettel é recriminado mundialmente por lutar pela vitória. Por desobedecer uma ordem antidesportiva. Por fazer valer seus instintos de atleta. Por ignorar contrato, patrocínio, rádio e leis das relações-públicas em nome da bandeira quadriculada.

Agora, é condenado por ter falado com sinceridade. A crise da Red Bull, claro, seria o assunto na chegada dos pilotos a Xangai. E foi.

(Previsível, imagino, até pelo repórter chinês que, em 2004, indagou Schumacher se a Ferrari estava de vermelho em homenagem ao país.)

Vettel teve três semanas para se preparar para o bombardeio de perguntas. Conversou com Horner, com a assessoria de imprensa da equipe, com seu estafe. Nada do que ele disse, portanto, foi na base do susto, da surpresa.

O que ele disse foi que Webber não merecia vencer o GP da Malásia, que o australiano nunca o ajudou e que faria tudo de novo, igual, caso a situação se repetisse.

E concluiu: "No fundo tudo se resume aos fatos de que aquilo era uma corrida, eu estava mais rápido que ele, fiz a ultrapassagem e venci".

Pronto. A imprensa inglesa ontem chamou o alemão de "agressivo", "arrogante", de ter "mudado o tom". Um colega italiano, do "La Reppublica", relatou que o ambiente na sala de imprensa de Xangai foi de incredulidade.

No Twitter, o piloto Marino Franchitti, irmão de Dario, escreveu que foi como ver Anakin Skywalker se transformando em Darth Vader. Será? Para os consultores de imagem, talvez. Para jornalistas, não deveria ser. Para o público, menos ainda.

Porque a verdade por ser cruel, mas ainda é a verdade

Vettel falou com sinceridade sobre seus sentimentos, concordem com eles ou não. Sua declaração é melhor do que 99% dos embustes distribuídos pelas equipes em seus press releases coloridos e impressos em papel caro.

Coincidentemente, outro campeão do mundo falou ontem sobre a situação na sua equipe. Em entrevista à imprensa espanhola, no paddock chinês, Alonso foi questionado sobre ter ficado atrás de Massa nos quatro últimos treinos classificatórios.

Saiu-se com ironia: "Não durmo desde a Austrália, só estou comendo arroz e estou perdendo cabelo. É mesmo um enorme drama".

Provocou gargalhadas.

Postura mais ofensiva para o companheiro do que a de Vettel. Porque debocha da boa fase do brasileiro, trata como piada sua reação, despreza qualquer possibilidade de preocupação em ficar para trás no duelo interno.

Conteúdo à parte: Vettel falou do companheiro com seriedade, Alonso debochou. Mas não, ninguém ligou para o desrespeito. Futriquinha interessa mais. Alguma coisa está fora da ordem, também na F-1.

fabio.seixas@grupofolha.com.br


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