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DF gasta mais em capa de chuva do que em colete à prova de balas
2014
Governo usa R$ 5,3 mi de pacote da Copa, que ocorre durante a seca
Brasília, entre junho e julho, padece de ares desérticos. E é exatamente nessa época que a capital federal será palco da Copa das Confederações e da Copa-2014.
Apesar do cientificamente previsível cenário de céu azul nas competições, o governo do Distrito Federal elegeu a compra de capas de chuva como uma de suas prioridades.
A cidade de São Paulo teve um total de 32 dias com chuva nos meses de junho e julho, ao longo dos últimos três anos. O volume acumulado de precipitação foi de 484 mm. Em Brasília, no mesmo período analisado junto a dados do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), foram quatro dias de chuva, com acumulado de 6,5 mm.
Além da discrepância entre clima e necessidade, também há uma dissonância numérica: a Polícia Militar do DF, responsável pela compra, tem na ativa cerca de 15 mil policiais, segundo o Portal da Transparência do DF --menos do que a previsão de 17 mil capas a serem adquiridas.
Há, ainda, uma possível discrepância de valores. Em fevereiro, o Corpo de Bombeiros de São Paulo comprou 700 capas de chuva, de náilon emborrachado, a R$ 108 cada uma. Na previsão de gastos do DF, o valor é R$ 315.
Por fim, há uma divergência de prioridades. O gasto para proteger os PMs da chuva deverá ser o triplo do que a polícia gastará para adquirir novos coletes à prova de balas para seus integrantes (R$ 1,87 milhão), também dentro do pacote Copa-2014.
O governo do DF defende a compra. Diz que, apesar de estar inserida na planilha de projetos para o Mundial, a aquisição não será restrita ao uso durante as competições.
"Esse é um equipamento de uso permanente do policial militar, para seu trabalho cotidiano e durante as operações voltadas a megaeventos", afirmou, em nota oficial.
A PM argumenta que há "a real necessidade de se adquirirem equipamentos de sinalização de alta qualidade, com refletivos de alta performance, impermeabilidade e durabilidade" e cita o atropelamento de um militar, em dia de chuva, como justificativa.