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De volta

Medo de vexame em casa, organização e austeridade recolocam futebol alemão no topo

RAFAEL REIS DE SÃO PAULO

Bayern de Munique e Borussia Dortmund vão disputar a final da Copa dos Campeões, a Alemanha está entre as favoritas para conquistar o Mundial do próximo ano e a Bundesliga virou sinônimo de organização e diversão.

O passeio do Bayern sobre o Barcelona e a derrubada do Real Madrid pelo Dortmund deixaram o futebol alemão ainda mais em evidência.

O segredo do sucesso, segundo jogadores brasileiros que atuam no país, passa pela Copa de 2006, organização e austeridade financeira.

"Quando eles foram eliminados da Euro-2004, perceberam que poderiam passar vergonha na Copa em casa. Aí, decidiram começar a reformulação. Trocaram a força pela busca dos melhores talentos", conta o atacante Cacau, do Stuttgart, que se naturalizou alemão e até disputou o Mundial de 2010.

O investimento pesado nas categorias de base deu resultado rápido. Pelo menos seis titulares da seleção atual ainda não chegaram aos 25 anos.

E essa meninada nasceu dentro de um novo contexto.

Treinadores como Jürgen Klopp, 45, do Borussia Dortmund, e Joachim Löw, 53, da seleção, abandonaram o jogo físico que fez do país tricampeão mundial em prol de futebol ofensivo, bola no chão e marcação sob pressão, uma adaptação mais veloz e objetiva do estilo espanhol.

Fora de campo, a Alemanha aproveitou os estádios e a febre da Copa para fazer da Bundesliga, sua primeira divisão, a liga nacional com mais público do planeta.

Na temporada passada, uma média de 45.179 torcedores acompanharam cada jogo do Alemão, contra 34.601 do Inglês, o segundo torneio que mais atrai torcedores.

Pesa a favor da Bundesliga a opção de rejeitar a elitização nos estádios, o que ocorreu na liga inglesa. O ingresso médio mais barato custa só € 10,33 euros (ou R$ 27).

"Aqui, um time da segunda divisão, como o nosso, consegue colocar 55 mil pessoas num estádio", diz Ronny, recém-promovido para a elite com o Hertha Berlin.

A lógica dos clubes alemães é que ingresso barato fideliza mais torcedores. E torcedor fiel consome mais.

É por isso que o Bayern conseguiu arrecadar mais com marketing durante o último ano que o Real Madrid, o clube mais rico do mundo.

"Cara, nunca vi um salário atrasado aqui", conta o zagueiro Anderson, que defende o Eintracht Frankfurt.

Os clubes têm de pagar em dia. O regulamento da Bundesliga pune com rebaixamento quem atrasa salário.

O controle financeiro é rígido. O Fair Play Financeiro que a Uefa tenta implantar na Europa, com punições a quem gasta mais que arrecada, já é realidade na Alemanha. Por isso, 14 dos 18 clubes da elite fecharam a última temporada no azul.

A austeridade pode até significar falta de capacidade para disputar jogadores com outros mercados em tempos de bonança. Mas, no cenário de crise global atual, a ausência de dívidas permite aos alemães investir mais que a maior parte dos clubes.

Mesmo com a recessão europeia, que atingiu com menor força a Alemanha, o gasto dos times da Bundesliga com reforços saltou de € 208 milhões (R$ 548 milhões) em 2011/12 para € 288 milhões (R$ 760 milhões) em 2012/13.

A ponto de o Bayern esnobar negociações e pagar a multa rescisória de € 37 milhões (R$ 97 milhões) para tirar Götze do seu rival na decisão do título europeu.

"A Alemanha é o coração financeiro da Europa. E agora o reflexo apareceu no futebol", completa o zagueiro Felipe Santana, do Dortmund.


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