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Paulo Vinícius Coelho

Vencedores e vencidos

Após ganhos palpáveis e intangíveis, é consenso no Santos de que é o momento de Neymar sair

Neymar deseja fazer hoje a partida mais brilhante do ano, aquela que está devendo. Essa observação é de quem conviveu com o craque nesta semana. Mas há limitações para isso acontecer. Uma delas, a ausência do treino de sexta-feira para cumprir compromissos publicitários. Outra, as dores musculares.

O desejo tem a ver com o fato de hoje marcar a possível despedida da Vila Belmiro. Nos últimos quatro anos, o repórter Marco Ruiz do diário "AS", de Madri, apostou três vezes com um diretor do Santos. Ruiz pagaria um almoço se Neymar não fosse para a Espanha. O dirigente perderia se Neymar assinasse contrato numa daquelas ocasiões. Ruiz perdeu as três apostas.

Semana passada, o repórter espanhol não apostou, porque o diretor do Santos não aceitaria.

No conselho gestor, o parlamento santista, o presidente Luis Álvaro é a única voz contrária à teoria de que vender é bom.

Mas é consenso que chegou o momento de vender. A questão é quanto o Santos vai ganhar.

E também quanto vai perder.

Os ganhos são objetivos. O Barcelona não pagará a multa rescisória de 65 milhões de euros. Pode pagar 40, 45, 50 milhões de euros... O Santos pediu ao pai que interceda para arrancar o máximo possível. O ganho é a soma dessas cédulas.

Quanto vai perder é muito mais subjetivo, conceitual. Nos últimos quatro anos, o Santos ensinou ao futebol brasileiro ser possível manter jogadores aqui. Neymar recebeu mais dinheiro no ano passado do que Cristiano Ronaldo.

O modelo não é perfeito, porque Neymar passa tempo demais na seleção e desfalca seu clube. Também se sobrecarrega com os 12 contratos publicitários. Não é certo faltar ao treino porque se atrasou no retorno de um desses compromissos.

Tem de aprimorar a receita, não descartá-la.

Neymar disputará a decisão do Paulista, fará o máximo para ganhar o tetra inédito no profissionalismo e então partirá. Deixará como herança a certeza de que é possível fazer futebol de alto nível, mantendo os maiores craques aqui dentro. Desde que se trabalhe para isso.

Ao mesmo tempo há uma multidão míope incapaz de entender quanto o Santos ganhou enquanto teve seu maior craque depois de Pelé. Triplicou sua receita, aumentou o patrocínio de camisa, conquistou torcedores. Valores palpáveis e outros intangíveis.

Há os míopes e há Ronaldo, fenômeno imune ao conflito de interesses. Ronaldo faz comercial da Ambev em que diz que o projeto por um futebol melhor ajudará a manter nossos craques aqui. Ao mesmo tempo, tem agência de marketing e aconselha Neymar a jogar na Europa o mais rapidamente possível.

Vai, Neymar! Deve estar mesmo na hora. Mas deixe como herança a ideia de que é possível fazer novas e melhores histórias como a sua.


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