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Lúcio Ribeiro

Chora um pouco, Pato

O jogador do Timão e seu companheiro de não seleção Kaká precisam lidar melhor com emoções

Logo após o final do jogo domingo, título corintiano sacramentado, tetra santista transformado em água, houve um encontro em campo de Neymar e Pato. Os dois se abraçaram e Neymar falou alguma coisa ao pé do ouvido do jogador do Timão.

Nunca vamos saber o que foi dito, acho, porque o santista pôs a mão na frente da boca, típico gesto para evitar leitura labial. Mas a minha impressão foi a de que Neymar, perdedor do dia, consolava Pato, o campeão, por mais paradoxal que seja.

Ou Neymar estava falando ao amigo para ele não desanimar porque Felipão o deixou fora da seleção na Copa pré-Copa, ou estava sendo solidário por um jogador do quilate dele estar oficialmente no banco do Corinthians. Que situação a do Pato!

A maior compra de um jogador por uma equipe brasileira, Pato chegou ao Corinthians em janeiro custando R$ 43 milhões e com um histórico preocupante de contusões.

O jogador, depois de defender o Milan e ser objeto do desejo de Barcelona e Chelsea, logo entraria em forma, se mostraria curado e já tem em quatro meses no Corinthians quase tantos jogos quanto fez em 2012 inteiro pelo Milan. Mas é banco de Romarinho, Sheik e Guerreiro. E isso deve ter dado na não convocação.

Pelo desabafo depois do jogo contra o Boca, dizendo que veio "para jogar", Pato mostrou um sinal de inquietude. Algo me diz que o gol feito que ele perdeu contra os argentinos, e um cara-a-cara que ele perdeu domingo contra o Santos, são sinais, entre outras coisas, de um certo desânimo com a situação.

Pato tem um ano para tentar mostrar a bola que sabe e sabe que algo tem que mudar drasticamente na sua vida. Sua alegria tem que voltar.

Kaká a mesma coisa. Assim como Pato, com um passado no Milan e um preocupante histórico recente de contusões, Kaká esquenta o banco do Real Madrid há tempos e de lá não consegue se levantar. Ele só não escolheu uma volta ao Brasil para se manter em campo atuando. É outro que precisa reencontrar a alegria de jogar.

São situações bem diferentes, mas um bom exemplo para eles mirarem, enquanto é tempo, é em um jogador como David Beckham.

O ex-craque inglês se despediu do futebol em prantos no final de semana, em seu derradeiro jogo pelo PSG último também de sua carreira.

Pelo dinheiro e prestígio que reuniu no futebol, Beckham jamais deixou de ter prazer em jogar. O choro incontrolável e comovente, com bola rolando, mostrou isso.

Quando a Inglaterra ficou pequena para ele, foi jogar nos milionários esquadrões de Real Madrid e Milan. Quando desencanou da Europa, foi para os EUA. Nas férias da Major League Soccer, voltou para a Europa duas vezes para manter-se em forma e em voga. E, enquanto deu, mesmo com todo o dinheiro do mundo, lutou para estar na seleção.

Pato e Kaká deveriam se alegrar mais, chorar mais.


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