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Livro resgata crônicas de Jacinto de Thormes sobre Nilton Santos
DO RIOAlém da amizade que os unia, o jogador Nilton Santos e o jornalista Maneco Muller tinham em comum o fato de não se limitarem a posições fixas: assim como o lateral esquerdo saía da defesa para ir ao ataque, seu amigo era um colunista social que gostava de escrever sobre futebol.
O resultado dessa versatilidade, e das conversas entre os dois, pode ser visto no livro "O Velho e a Bola - A Trajetória de Nilton Santos nas Crônicas de Jacinto de Thormes", que será lançado hoje.
A obra compila 40 crônicas de Maneco Muller (1923-2005) assinadas sob o pseudônimo Jacinto de Thormes, com o qual se tornou pioneiro do colunismo social no Brasil, em 1945, no "Diário Carioca".
"O grande sentido do lançamento desse livro é fazer uma homenagem em vida ao Nilton Santos", afirma Maneco Muller Filho.
O ex-jogador botafoguense completou 88 anos no último dia 16, e vive internado em uma clínica desde que foi diagnosticado com Alzheimer, em 2008.
Os textos foram reunidos pelo jornalista Rafael Casé, a partir do acervo do jornal "Última Hora".
Muller os escreveu em 1963, como tributo a Nilton após a vitória brasileira na Copa do ano anterior.
"Em 62, por muito pouco o Nilton quase não foi para a Copa. Havia uma pressão grande, principalmente da imprensa e de alguns cartolas de São Paulo, que achavam que ele era muito velho, aos 37 anos. Mas ele continuava a ser o melhor lateral esquerdo do país", diz Casé.
A partida em que Nilton garantiu a vaga em sua quarta Copa do Mundo, um jogo entre Brasil e Paraguai, no Maracanã, em 1962, é tema de uma das crônicas do livro.
"Ele sabia que estava em xeque e que tinha de fazer um gol. Quando fez, o Maracanã foi aplaudindo toda a caminhada dele de volta para a defesa brasileira. Foram cinco minutos de aplausos para o Nilton Santos por tudo que ele significava para o futebol brasileiro", diz Casé.
Além de homenagear seu amigo jogador, a quem deu o apelido de "enciclopédia", Muller usa as crônicas para retratar o futebol brasileiro nos anos 50 e 60, décadas em que o país conquistou seus primeiros títulos mundiais.
"Até a Copa de 1954 [realizada na Suíça], o futebol era um jogo muito bruto, de pouca habilidade, apesar de alguns jogadores se destacarem. O futebol arte surge com a geração dos anos 1950 e 1960", diz o organizador da obra.
O livro será lançado hoje, a partir das 19h, na sede do Botafogo, no Rio.
Além da celebração do aniversário de Nilton, haverá uma cerimônia em homenagem a Maneco Muller e outros 11 jornalistas esportivos botafoguenses, que terão seus nomes gravados em uma placa no clube.
"O VELHO E A BOLA"
AUTOR Maneco Muller (organização Rafael Casé)
QUANTO R$ 36 (160 págs.)
EDITORA Maquinária