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Paulo Vinícius Coelho

Zé Ninguém

É justo discutir a elitização das arquibancadas, mas o primeiro problema é encher os estádios

O público médio da Copa das Confederações foi de 49.800 por partida. É o maior da história do futebol brasileiro, em qualquer torneio, em qualquer época.

A Copa do Mundo de 1950, com 47.400, era a recordista. Nos campeonatos de clubes, o Brasileiro de 1983, com 22 mil presentes por jogo, e o Campeonato Carioca de 1976, com 19 mil, são os campeões.

O preço médio dos ingressos no torneio da FIFA também é o mais alto de todos os tempos no Brasil. Quem não tinha meia-entrada pagou R$ 120 pelo bilhete mais barato. Uma grana!

Três dias depois da final no estádio do Maracanã, apenas 794 botafoguenses pagaram em média R$ 18 para ver Botafogo 1 x 0 Figueirense, pela Copa do Brasil.

Não se fará aqui a desonestidade intelectual de comparar alhos com bugalhos. Evidentemente, o torcedor da Copa das Confederações, em muitos casos, foi ao estádio como quem vai ao show de uma banda de rock. Ter um só jogo da seleção em cada cidade também contribuiu para ter palcos cheios.

Mas o fato de o torneio registrar o maior público médio da história do futebol brasileiro exige reflexão.

Ao menos uma fatia dos 73 mil presentes ao Maracanã para Brasil 3 x 0 Espanha precisa pisar nos estádios do Campeonato Brasileiro. Mesmo porque o público do Maraca pode ter saído de casa vestido para a balada, mas vibrou como quem está acostumado à emoção de uma partida de futebol.

Há décadas, o Brasil tem um problema: encher seus campos. Aponta-se para diversas razões pelas quais o torcedor não comparece. Da expectativa de violência ao preço do bilhete.

Domingo passado, nem o risco de encontrar acessos bloqueados pela manifestação nem o preço salgado tiraram a galera do Maracanã.

O Brasileiro voltou neste final de semana. Os últimos dez jogos antes da paralisação, em junho, tiveram público médio de 10 mil torcedores.

No ano passado, 14 mil compraram ingressos por partida, em média. Uma vergonha! A Liga Americana leva mais gente aos campos --18 mil pessoas por jogo.

É justo discutir o processo de elitização e querer a arquibancada dos estádios composta de acordo com o que indica o censo da população brasileira.

Mas o primeiro problema é encher esses estádios. Quando isso acontecer, será necessário olhar as arquibancadas, entender que fatia da população está faltando e então lhe abrir as portas.

Hoje, o triste cenário das cadeiras vazias vai se repetir em partidas onde deveria haver obrigatoriamente 50 mil torcedores --São Paulo x Santos, Internacional x Vasco.

Não é porque o estádio está elitizado. É porque quem deveria organizar o Campeonato Brasileiro não consegue atrair o torcedor pobre, nem o rico, nem a classe média.


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