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Bósnia vai para uma Copa pela 1ª vez

2014
Jogadores são mais velhos do que o país, de só 21 anos, e ainda guardam memórias da guerra dos anos 90

ELIANO JORGE DE SÃO PAULO

Como em todas as edições anteriores, a Copa de 2014 também terá ao menos uma seleção estreante.

A Bósnia-Herzegóvina jogará no Brasil o seu primeiro Mundial. Ontem, até o fechamento desta edição, também carimbaram vaga Espanha, Inglaterra e Rússia.

A classificação bósnia foi conquistada fora de casa com uma vitória por 1 a 0 sobre a Lituânia, na última rodada das eliminatórias europeias.

A Grécia venceu Liechtenstein por 2 a 0 e também chegou aos 25 pontos, mas, com desvantagem de 16 gols de saldo, ficou no segundo lugar do Grupo G e irá à repescagem, junto com Portugal, França, Croácia, Suécia, Romênia, Ucrânia e Islândia.

Os bósnios já haviam ficado perto de ir à Copa em 2010, mas foram derrotados por Portugal na repescagem.

Agora, foi realizado o sonho do jovem país, que só se tornou independente após uma guerra que durou de 1992 a 95 na então Iugoslávia (leia mais ao lado).

Os jogadores que classificaram a seleção são mais velhos do que o próprio país e tiveram suas vidas transformadas pelo conflito. Nove deles migraram para outros países ainda crianças, e alguns defenderam outras seleções.

TERROR

"Não desejo a ninguém uma guerra, que deixa muito sofrimento. Eu a vivi até o fim, depois me mudei para a Suíça com minha família. Mas as recordações daquele período ruim viverão sempre dentro de mim", disse à Folha Senad Lulic, 27, antes da classificação. Ele joga na equipe italiana da Lazio, ora como meia, ora como lateral esquerdo.

As memórias amargas se estendem as outros jogadores. "Tivemos que começar uma nova vida em um país diferente, o que nunca é fácil", contou o goleiro titular Asmir Begovic, 26, que se mudou para a Alemanha e, mais tarde, para o Canadá, cuja seleção ele defendeu no Mundial sub-20 de 2007.

O meia Haris Medunjanin, 28, fugiu da capital Sarajevo aos 7 anos, com a mãe e a irmã, rumo à Holanda. Seu pai havia morrido na guerra.

Astro da Bósnia, o atacante Edin Dzeko, 27, do Manchester City, já relatou falta de comida e terror na infância, em meio a tiroteios e bombardeios. Após sua casa ter sido destruída, ele e mais de dez parentes tiveram que viver num cubículo.

"Muitas pessoas morreram só por causa de política. A guerra foi absolutamente desnecessária", afirmou o meia Senijad Ibricic, 27. "Agora vivemos com todas as religiões jutas de novo".

Ontem, a população fez festa nas ruas de Sarajevo.

"A seleção bósnia é muito importante para o povo. Temos grandes fãs no país, a atmosfera nos jogos em casa é sempre incrível", disse o volante Adnan Zahirovic, 23.

Segundo o goleiro Begovic, eles não pretendem ser figurantes no Brasil. "Queremos ser competitivos."


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