Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Esporte

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Fábio Seixas

O borrador

Foram necessários seis anos na F-1 para que Vettel se revelasse um ser humano normal

Já foram 15 corridas na temporada, o título está nas mãos de Vettel, o garoto quebra recordes quase todo final de semana. Já completou 878 voltas e 4.501 km no campeonato. Só neste ano, são seis poles, nove vitórias, seis melhores voltas --e contando. Somou 297 pontos. Se fosse uma equipe, seria também campeão de construtores.

Como escrevi na semana passada, caminha para ser o recordista de quase tudo na F-1. É só manter o ritmo.

Mas um dia ele começou. E se borrou.

Foram necessários seis anos na categoria e 58 entrevistas coletivas pós-pódios para que, na penúltima pergunta de domingo passado, ele se revelasse humano como você e eu. Para que desse uma declaração tão divertida como inspiradora a todos que estão dando os primeiros passos no que quer que seja.

A pergunta/provocação foi de uma repórter inglesa. "O que tem mais significado para você? Entrar para a história ao lado de Fangio e Schumacher como um dos únicos a conquistar quatro títulos seguidos ou subir ao topo do pódio em cada corrida do calendário?"

Vettel foi direto. Apressou-se em cravar a segunda opção. Explicou que, mesmo sempre amando a velocidade, quando criança nunca imaginou que um dia testaria um carro de F-1.

E relatou, com rara sinceridade, suas sensações na primeira vez.

"A primeira vez que eu testei foi... Mark pilotou pela manhã, eu pilotei à tarde. Caguei-me todo nas primeiras voltas e pensei: Ok, tudo bem, isso é pra homens de verdade, não é pra mim'. Mas então fui me acostumando e querendo mais. Dois anos depois, tive a chance de pilotar por algumas corridas para a Toro Rosso."

O resto da história todo mundo sabe.

Voltando àquele teste. Foi em Jerez, em 27 de setembro de 2005 e, olha a pegadinha, com uma Williams --ele só voltaria a dividir boxes com Webber em 2009.

Havia três pilotos em ação naquela terça-feira, e ele levou um banho: ficou em último, a 3s447 do mais veloz, o australiano que colocaria no bolso anos depois.

Houve mais três dias de testes, com um total de 18 pilotos indo à pista --entre eles Pizzonia, Zonta, Kanaan e Di Grassi, o que já valeria outra coluna. Vettel ficou em 18º.

Mas o alemão persistiu. Parou de se borrar. Começou a andar cada vez mais rápido. Virou o que virou.

E a explicação está no complemento de sua resposta. "Amo corridas e isso não mudou. Amo o desafio, acordo nervoso todos os domingos, fico tenso quando vou para o grid."

Não se acomodou na glória. E admitiu sua fraqueza inicial da forma mais prosaica possível. Lições não precisam de pompa e circunstância.

fseixasf1@gmail.com


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página