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Entrevista Mário Gobbi
Não tenho nenhum medo do rebaixamento
Presidente corintiano afirma querer Tite em 2014, mas só vai tratar do assunto com o técnico quando o risco de queda passar
A estratégia de manter um técnico no cargo por muito tempo, independentemente do resultado em campo, desafia o presidente do Corinthians, Mário Gobbi.
Como explicar que não passa por sua cabeça demitir Tite? O Corinthians vive má fase, com um time que tem dificuldade para fazer gol, e não firma 11 jogadores como titulares. E o pior: vê a chance de rebaixamento --algo impensável para um clube que ganhou recentemente todos os títulos importantes-- assustar os torcedores.
Pois Gobbi reafirma a confiança na competência de Tite, segundo ele o mais "carismático" dos técnicos.
O presidente falou à Folha na noite de sexta-feira, antes, portanto, do jogo de ontem contra o Criciúma.
Folha - A diretoria pensou em demitir Tite após a derrota para o Grêmio, na quarta?
Gobbi - Nem pensamos em demiti-lo nem ele pediu para sair. Quero que fique no ano que vem. E sabe por que não me sento com o Tite hoje para renovar o contrato dele? Só faremos isso quando o time atingir pontuação suficiente para não correr o risco de não estar na Série A em 2014. Os 47 pontos que falam. Tite só topa negociar depois disso.
O senhor, então, admite que teme o rebaixamento?
Não tenho nenhum medo do rebaixamento, o Corinthians não olha para trás. Essa estratégia de só conversar depois de garantidos na Série A do ano seguinte também foi adotada nos outros anos. Em um ano, fomos campeões [2011]; no outro, ficamos em quinto [na verdade sexto, em 2012]. Vamos subir posições e depois conversar.
O Corinthians não procurou outro treinador então?
Não. Quando sentarmos com o Tite, vai ser aquele clima familiar. E tenho certeza de que ele, se receber qualquer proposta, vai nos procurar antes para negociarmos.
Mas como o senhor avalia o momento que o time vive?
Não estamos calmos. O futebol vive de resultados, não adianta dizer que não. O Corinthians vem numa queda, isso nos incomoda muito, principalmente porque, nos últimos seis anos, o time ganhou títulos. Mas temos uma comissão técnica de primeira. Diga-me: por que mudar?
A que o senhor atribui a queda de produção do time?
O time vem de uma sequência de quatro títulos [Libertadores e Mundial em 2012, Paulista e Recopa em 2013], é um ritmo alucinante de decisões. Isso leva ao estresse mental e físico, uma coisa puxa a outra e há um declínio. O próprio Barcelona passou por isso. Os times que foram ao Japão para o Mundial também.
Então o auge, com título da Libertadores e do Mundial, prejudicou o ano de 2013 do Corinthians?
Futebol não tem mágica. Não se consegue manter um time vencendo sempre, principalmente vindo de quatro finais e ganhando as quatro. Há momentos em que você cai. Se vencesse todas, para que teria campeonato?