Folha de S.Paulo

Leilão do Brinco de Ouro termina sem comprador

LUCAS SAMPAIO DE CAMPINAS

Para o alívio da diretoria e dos torcedores do Guarani, o leilão que poderia tirar do clube de Campinas seu maior patrimônio, o estádio Brinco de Ouro da Princesa, terminou ontem sem comprador.

O estádio foi a leilão após decisão da 1ª Vara do Trabalho de Campinas devido aos R$ 7 milhões em "dívidas trabalhistas" do time. Um dos principais credores é o lateral-esquerdo Gustavo Nery, atualmente sem equipe.

Palco da decisão do Brasileiro de 1978, na qual o Guarani venceu o Palmeiras por 1 a 0, com gol de Careca, e se sagrou campeão, o Brinco de Ouro foi avaliado em R$ 210 milhões pela Justiça.

Apesar de o lance mínimo ter sido estipulado em R$ 147 milhões, ninguém apresentou proposta.

Caso o imóvel tivesse sido adquirido, o dinheiro seria usado para pagar também autores de outras ações trabalhistas contra o clube, que tramitam em outras varas do Fórum Trabalhista de Campinas.

Segundo a assessoria de imprensa do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, elas representam mais de R$ 50 milhões em dívidas.

A dívida com o jogador Gustavo Nery se refere aos 15% do valor da transação que o levou para o São Paulo, em 2000, conforme garantia a legislação da época.

Ele inicialmente cobrava R$ 900 mil do Guarani, mas o valor foi corrigido pela inflação e está atualmente em cerca de R$ 1,5 milhão.

ACORDOS

Nery, que fez só três partidas pelo time de Campinas, disse à Folha lamentar a situação. "Eu sinto muito que o clube esteja nessa situação, mas esse dinheiro pertence a mim e aos meus filhos", disse. "É uma dívida de quase 13 anos. Nesse período, eu aceitei vários acordos propostos por eles, mas o clube nunca cumpria o prometido", afirmou o lateral na semana passada.

Ele disse não acreditar que a torcida do Guarani se volte contra ele por causa do leilão.

"Contra mim? Pô, mas faz décadas que o clube é mal administrado."