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Paulo Vinícius Coelho

Volta no tempo

Enquanto o Bom Senso F. C. avança, Marco Polo Del Nero faz o futebol brasileiro voltar 30 anos no tempo

Nacional de Manaus e Fluminense classificaram-se para a segunda fase do Campeonato Brasileiro de 1974 por causa de um inusitado critério de desempate: arrecadação. Na penúltima rodada, o estádio Vivaldão de Manaus recebeu 39 mil torcedores. A história é verdadeira, mas o número de torcedores pode ter sido falso, porque encher o estádio era a única chance de o Naça classificar-se.

Naquele torneio, o Fluminense não alcançou presenças tão grandes de torcedores. No máximo, 25 mil pagantes no clássico contra o Vasco, mas como os dois eliminados com mais renda foram beneficiados, o Fluminense entrou.

Telê Santana era o técnico do Grêmio no Gauchão de 1978. Se vencesse o Juventude, na última rodada da primeira fase, disputaria o terceiro turno com a obrigação de vencer ou ser o segundo colocado para não ser eliminado. Com derrota para o Juventude, o Grêmio eliminaria o Inter de Santa Maria e assim garantiria classificação na fase final. Telê escalou reservas. Perdeu e classificou-se.

O futebol brasileiro é um livro repleto de causos produzidos por regulamentos estúpidos elaborados por cartolas sem noção. Marco Polo Del Nero acaba de colocar seu nome na história. Criou um dos torneios mais inacreditáveis de todos os tempos.

O São Paulo caiu no grupo mais fácil do Paulistão. Por isso, enfrentará os rivais mais difíceis, porque a tabela prevê confrontos contra os outros grupos, não contra os rivais da mesma chave.

No Paulistão 2014, um grupo pode ter cinco clubes empatados com 100% de aproveitamento. Três deles serão eliminados. Outra chave pode ter cinco participantes sem ponto nenhum. Nesse caso, quatro serão rebaixados e um se classificará para as quartas de final.

Ao mesmo tempo em que o movimento Bom Senso F. C. avança, Marco Polo Del Nero faz o futebol brasileiro voltar trinta anos no tempo. Se você tem dificuldade para explicar a fórmula de disputa, se um time pode ser campeão sem vencer nenhum jogo, então o formato é ruim. O Paulistão 2014 é assim.

O presidente da Federação, candidato à CBF, diz ter reduzido o estadual por causa da TV e não cogita diminuí-lo em 2015. Sua decisão é um afago nos presidentes de federações, prováveis eleitores em abril. Sua expressão sobre o número de datas para os estaduais foi: "Está no limite!" A frase define melhor como está o futebol brasileiro.

De 1971 a 2002, o Brasileirão foi disputado 32 vezes com 32 fórmulas diferentes. Teve classificado por renda, time da segunda divisão subindo no mesmo ano, clubes entrando só nas quartas de final, campeonato sem campeão unânime até hoje.

Minha proposta é melhor: quem faz o Brasil voltar a esse tempo das fórmulas mirabolantes deve ser eliminado da eleição. Que tal?


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