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Tostão

O futebol e o mundo mudaram

O futebol mudou. Atletas são mais táticos e técnicos. Antes, eram mais inventivos e surpreendentes

Somos todos responsáveis pelo que fizemos e dissemos em outras épocas. Mas nem tudo o que falamos e escrevemos em um passado muito distante deveria ser analisado apenas com o olhar do presente.

O mundo, as pessoas, os conceitos, os costumes e, às vezes, até a ética mudam com o tempo.

Qualquer um possui também o direito de trocar de opinião.

Faço essas divagações porque li, dias atrás, uma entrevista que dei, há 43 anos, ao "Pasquim", um jornal de inteligência e de resistência bem humorada à ditadura. Fui entrevistado por craques do jornalismo e do humor, como Ziraldo, Jaguar, Sérgio Cabral (pai), Marilene Dabus, Tarso de Castro e outros.

A entrevista foi em 1970, quando o Brasil se preparava para a Copa. Conversamos sobre futebol, seleção e tantas outras coisas. Estava curioso para ler o que disse quando tinha 23 anos. Não fiquei surpreso nem decepcionado, mas penso diferente sobre algumas poucas coisas.

Era, como hoje, tímido e sonhador. Devo ter sofrido para dar a entrevista, como ainda ocorre. Parafraseando Fernando Pessoa, não gostava nem gosto de ser alvo de curiosidade pública, porém, à parte disso, tinha e tenho todos os sonhos do mundo. Na época, queria, como todo jovem, ter sucesso e ser campeão do mundo.

Entre tantas coisas, falei que as pessoas têm o direito de opinar sobre tudo e que admirava as ideias de Dom Hélder Câmara, arcebispo de Olinda e Recife, que pregava uma atuação da igreja próxima ao povo, em vez do discurso conformista e habitual da época. Logo após a entrevista, um conhecido me disse que eu deveria ter cuidado com o que falava.

O mundo e o futebol mudaram. Imagine hoje um jovem sem celular e sem internet. Imagine também um atleta de um grande clube sem apoio tecnológico e científico. Além de serem muito mais bem preparados fisicamente, os atletas atuais possuem mais conhecimento tático e, na média, executam melhor os fundamentos técnicos. Por outro lado, os do passado eram mais criativos, fantasistas e surpreendentes.

Muitos falam que os craques do passado não brilhariam hoje porque os espaços são menores. Por outro lado, com mais espaço, os medíocres mostravam que eram medíocres. Não dava para enganar.

Hoje, os grossos se escondem nos pequenos espaços e na disputa física. São os atletas táticos, tão elogiados.

No passado, havia menos disciplina tática. Hoje, há um excesso de planejamento, de repetição e de regras. Predominam os Zé-Regrinhas, em todas as atividades. São os Zé-Regrinhas que querem colocar a Portuguesa na Segunda Divisão.

Mesmo se for clara, a regra não pode estar acima do bom senso e da justiça, pois existe uma certeza, a de que a Lusa não agiu por má fé nem se beneficiou pelo provável erro. Deveria ser punida de outra forma, e não com a perda dos pontos.


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