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Fábio Seixas

Nano, 88

Um papo telefônico com uma rara testemunha de toda a história da F-1 e que é brasileiro

"Eu prefiro esquecer o aniversário." O som seguinte é de uma risada gostosa.

Do outro lado da linha, falando de Biarritz, no sul da França, está Hermano da Silva Ramos, 88 anos completados no último dia 7.

Sobre outro esquecimento, Nano (ou Nanô, para os franceses), diz não ligar. "Não. Não me incomoda as pessoas daí não saberem quem eu sou, o que eu fiz."

Nano fez muito. Foi o terceiro piloto do país a correr na F-1, depois de Chico Landi e Gino Bianco. Conseguiu o melhor tempo nos treinos das 24 Horas de Le Mans de 1959, mas foi traído por um problema no câmbio.

É hoje o mais velho brasileiro a pilotar um F-1 e um dos únicos sobreviventes daquela categoria que ainda engatinhava em meados dos anos 50.

Lúcido, bom papo, ele conhece a lista de cor. "Também tem o Robert Manzon, que eu sempre encontro", conta, referindo-se ao francês de 96 anos que disputou 28 GPs entre 1952 e 1956.

Nano correu sete GPs, em 1955 e 1956, sempre pela equipe Gordini. "Não tínhamos muito dinheiro, o carro sempre quebrava." Mesmo assim, conseguiu um quinto lugar numa das provas mais exigentes para o equipamento, Mônaco. "A corrida durava três horas, era bem diferente de hoje."

É a chave para que o assunto rume para as comparações entre aquela F-1 e o esporte que vemos hoje.

Rara testemunha de toda a história da F-1, Nano coloca Vettel no Olimpo. "Os melhores que vi foram Fangio, Clark, Senna e Schumacher. O Prost não era tão bom quanto eles. Mas o Vettel sem dúvida entra nesse grupo."

Ligado em tudo o que está acontecendo, ele também dá créditos a Newey. E o compara a outro gênio dos projetos. "É como o Chapman."

Peço-lhe que compare a estrutura da categoria nas duas eras. A voz de Nano assume um tom mais sério e ele fala sobre a segurança.

"A cada dois ou três GPs, morria um piloto. Ou alguém perdia uma perna, um braço... Eu largava sabendo que tinha uma chance em três de morrer."

Segurança sempre foi assunto caro a Nano. Ele chegou a ficar um ano afastado das pistas depois que o espanhol Alfonso de Portago, seu amigo, morreu. Aconteceu em 1957.

Quando voltou, foi em categorias de Turismo. E o desempenho em Le Mans lhe valeu uma bonita homenagem neste ano: ele entrou para o Hall da Fama da prova. Tem um vídeo bem bacana na rede, em www.bit.ly/nanolemans.

Por aqui, nada de homenagens, nada de referências, nada de lembranças. Ele diz que não liga. Mas nós, que gostamos deste esporte, deveríamos nos importar.

fseixasf1@gmail.com


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