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Entrevista Fernando Azevedo e Silva

Estou trocando o pneu de um carro que está andando

Novo presidente da Autoridade Pública Olímpica, militar faz mudanças no órgão e diz que prazo para a Rio-16 está no limite

BERNARDO ITRI DO PAINEL FC

Nomeado pela presidente Dilma Rousseff para chefiar a Autoridade Pública Olímpica, o general Fernando Azevedo e Silva iniciou uma reformulação no órgão, que até então não exercia papel de protagonismo na organização dos Jogos do Rio-2016.

À APO cabe gerenciar as ações de todos os níveis de poder no tocante ao evento.

Em entrevista à Folha, Azevedo e Silva, ex-jogador de vôlei e ex-paraquedista, afirmou que está "trocando um pneu com o carro andando" e admitiu que o prazo para a realização das obras da Olimpíada está no limite.

Há menos de dois meses no cargo de presidente da entidade, o general prometeu divulgar a matriz de responsabilidades (documento que reúne obras, custos, prazos e responsáveis) da Olimpíada até o início de fevereiro.

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Folha - A Autoridade Pública Olímpica ficou sem presidente por quase dois meses, após a saída de Márcio Fortes. A menos de três anos para a Olimpíada, qual é a responsabilidade do órgão agora?

Fernando Azevedo e Silva - O importante na APO, no momento em que está, é não olhar muito para trás. Tem uma coisa que não sofrerá alteração, que é a data da abertura da Olimpíada: dia 5 de agosto de 2016. Então, o tempo vai ditar os trabalhos.

A marca que deu uma sacudida foi a marca dos mil dias [para o início da Olimpíada, em novembro]. E o tempo passa rápido. Tenho que aproveitar a experiência da APO nesses dois anos passados, que foram um teste. Estou fazendo uma reengenharia, substituindo uma diretoria e criando uma nova, que é de integração e monitoramento com a Rio-2016.

Estou trocando o pneu de um carro que está andando.

O presidente do Comitê Olímpico Internacional, Thomas Bach, disse que o Brasil não tem tempo a perder...

É uma opinião pessoal. O marco dos mil dias deu uma sacudida. E quando faltar dois anos, teremos de estar com tudo definido, com todas as licitações concluídas ou iniciadas. Acho que todos os entes envolvidos estão bem organizados.

O governo do Estado percebeu que a Prefeitura do Rio está em melhores condições de concluir as questões do [complexo esportivo de] Deodoro. E em março ou abril vai fazer a licitação das obras.

Os prazos estão todos muito curtos. Mas cada um tem a sua missão definida. Nisso está a APO: a missão é a coordenação desses entes todos.

Diversas obras da Copa-2014 estão sendo entregues em cima da hora, e a Fifa vem cobrando sempre. Isso pode se repetir na Olimpíada?

Tem uma diferença muito grande entre Copa e Olimpíada. Só na parte da Olimpíada, sem contar a Paraolimpíada, são 41 campeonatos mundiais realizados ao mesmo tempo. E a Copa é uma modalidade, o futebol. Os números de uma Olimpíada são macros. O COI cobra, lógico, dentro dos padrões COI. E ainda temos as exigências técnicas de cada federação, de cada modalidade.

Acha, então, que deve ter prazo espremido para obras?

Deve acontecer. Em Deodoro, por exemplo, nós passamos um pouco do prazo de flexibilidade. Mas é plenamente possível [entregar as obras a tempo].

Da gestão anterior da APO, ficaram pendentes a divulgação da matriz de responsabilidades e o custo estimado da Olimpíada. Quando esses números serão divulgados?

A matriz, realmente, era um documento que já deveria ter saído. O Tribunal de Contas da União determinou que a matriz deve sair prontamente. Temos até o final de janeiro ou início de fevereiro para apresentar a matriz.

Durante as manifestações de junho de 2013, um dos principais focos do protesto era o gasto de dinheiro público com eventos como a Copa e a Olimpíada. Acha que os protestos vão perdurar até a Rio-2016?

A manifestação do povo faz parte do regime democrático. Agora, ela não pode inviabilizar o evento que o Brasil se prontificou a fazer.

E como justificar o gasto de dinheiro público na realização desses eventos esportivos?

Só uma palavra responde: transparência, para a população e para a mídia.

As obras da Copa foram palco de alguns acidentes, no Itaquerão e em Manaus, com mortes de operários. Como vê o acontecimento desses casos e a repercussão?

Acho que a única maneira de não ocorrer nada era o Brasil não fazer nada. Mas normal não é, quando se trata de vidas humanas.

O chefe da Rio-2016, Carlos Arthur Nuzman, está desde 1995 à frente do Comitê Olímpico Brasileiro, e outros dirigentes acumulam anos em seus cargos. Qual a sua opinião quanto aos mandatos contínuos?

Posso ter a minha opinião pessoal, que eu não vou dar. Vou dar a da minha atual posição funcional. Se eles estão exercendo a atividade é porque eles tão amparados em alguma legislação. Se tem que mudar, tem que mudar a regulamentação disso.


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