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Sabatina Folha Raí

'Vai ter muito mais dinheiro público do que se imaginava'

Campeão mundial com a seleção em 1994, ex-jogador critica organização e diz que imagem ruim será legado do mundial

DE SÃO PAULO

O ex-jogador do São Paulo e campeão mundial com a seleção em 1994 Raí, 48, elegeu como maior legado da Copa no Brasil o escancaramento dos problemas sociais e da falta de organização do país.

Raí afirmou em sabatina da Folha realizada na noite de anteontem, no MIS (Museu da Imagem e do Som de São Paulo) que a competição servirá para que o mundo descubra o verdadeiro Brasil.

Ele foi o primeiro de uma série de convidados da Folha, que ao longo do primeiro semestre irão discutir sobre os impactos da Copa.

TRANSPARÊNCIA

As críticas mais pesadas foram direcionadas para a organização da Copa por não explicar ao povo suas decisões. O ex-jogador citou a ida do do governo britânico à TV para justificar os custos da Olimpíada de Londres-2012 como exemplo que deveria ter sido adotado no Brasil.

"Eles decidem fazer jogo no Amazonas e não tem detalhe. Não foi apresentado estudo. A questão é a falta de transparência, nada foi discutido com a sociedade. Ao contrário do que o Ricardo Teixeira [ex-presidente da CBF] falou, vai ter muito mais dinheiro público do que se imaginava."

LEGADO

A Copa dará ao Brasil muito menos do que deveria. O ex-meia lembrou que o país não aproveitou o Mundial para se organizar e nem para construir uma política esportiva. O que fica de positivo são as transformações de que a demonstração pública das mazelas pode provocar.

"Vamos lembrar que o TCU apontou irregularidades no Pan-Americano de 2007 e ninguém foi responsabilizado. O legado pode ser esse: descobrir os podres e mostrar a todos. Esse evento vai mostrar o verdadeiro Brasil para o mundo e para nós também."

MANIFESTAÇÕES

Protestos como os de junho do ano passado podem ajudar a expor ao exterior a insatisfação com a organização da Copa. Raí disse esperar que novas manifestações aconteçam durante a competição.

"Torço para que [manifestações] voltem. Elas estão expondo coisas nossas que não são legais, como a falta de planejamento e a violência, que são constrangedoras, mas isso é bom. O mundo não conhecia esse nosso lado."

SUCESSÃO DA CBF

Raí criticou a administração do futebol brasileiro, mas negou intenção de um dia presidir a entidade e preferiu lançar o amigo Leonardo, seu parceiro em 1994 e sócio na Fundação Gol de Letra, como exemplo para comandar a CBF.

"Uma pessoa que tem esse desejo, mas não para agora, é capaz e inteligente é o Leonardo. Se a gente quer mudança, precisamos de nomes assim, de coragem. No mínimo, as coisas não ficariam iguais."

BOM SENSO

O Bom Senso FC, movimento que conta com mais de mil jogadores e tenta conter os excessos de jogos, ganhou parabéns. Raí só lamentou que sua geração ainda não tivesse maturidade suficiente para se unir dessa forma e cobrar mudanças na estrutura vigente no futebol brasileiro.

" O Bom Senso já é uma realidade. Ele vai chegar longe, vai conseguir mudar o calendário, vai fazer um candidato da CBF defender suas causas. Espero que daí saia um movimento que transforme o sistema a médio prazo."

SELEÇÃO

O Brasil só é um dos favoritos para conquistar a Copa porque joga em casa e tem em Felipão um técnico que vai conseguir transmitir aos jogadores a emoção de disputar um Mundial em casa.

"Digo que se a Copa não fosse no Brasil, o Brasil não ganharia. Não por falta de jogadores, mas porque tem uma Alemanha, uma Espanha e uma Argentina à frente. Mas estamos jogando no Brasil, entra a magia e a paixão. O que o Brasil correu naquela final [da Copa das Confederações] contra a Espanha nenhum preparador físico consegue explicar. O Felipão soube jogar com as manifestações, e os caras entraram em campo como se fossem representantes de tudo aquilo que estava acontecendo."


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