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Rio-16 passa responsabilidades a governos para fechar suas contas
OLIMPÍADA Comitê organizador não especificou quais itens serão repassados na operação
O comitê organizador da Olimpíada de 2016 informou ontem que não receberá recursos públicos para a operação do evento, como estava previsto inicialmente.
Para fechar a conta, contudo, responsabilidades da entidade foram transferidas para os governos federal, estadual e municipal. Os dirigentes do comitê evitaram deixar claro o que foi transferido.
A operação inclui, por exemplo, a alimentação de atletas e funcionários, credenciamento de pessoal, treinamento e seleção de voluntário, entre outros gastos.
Os investimentos públicos serão feitos na construção das arenas, e nas obras de infraestrutura, mobilidade e segurança. Em 2008, a previsão era de que essas obras custassem R$ 23 bilhões.
Com atraso, a APO (Autoridade Pública Olímpica) deve anunciar a matriz de responsabilidade --documento que detalha gastos de cada governo-- na semana que vem.
"As ações de governo serão divulgadas em separado, como deve ser. Uma das preocupações da população era o fim dessa mistura do público com o privado", disse o diretor-geral Sidney Levy.
No dossiê de candidatura havia previsão de repasse de R$ 1,8 bilhão de recursos públicos das três esferas de governo para a operação. Eles representavam 25% da receita do comitê organizador.
No novo orçamento, a estimativa de aporte de recursos privados --vindos de patrocínio, licenciamento e venda de ingressos-- será de R$ 7 bilhões. O dossiê de candidatura, porém, previa gastos de R$ 7,3 bilhões, em valores atualizados. Para evitar o déficit, a responsabilidade pela execução de alguns itens foi passada para o governo.
Na apresentação, o diretor de operações Leonardo Gryner disse ainda que houve aumento no gasto previsto em alguns itens, na comparação com o previsto no dossiê de candidatura, como a inclusão de novos esportes, novas tecnologias e salários.
A diferença de cerca de R$ 300 milhões a ser assumida pelos governos, portanto, pode ser ainda maior.
Se cumprida a previsão de orçamento divulgada ontem, a Rio-2016 poderá repetir o que aconteceu com o comitê organizador de Londres, que não usou recursos públicos para a operação dos Jogos.
Os recursos privados vêm de patrocínios internacionais, locais, licenciamento de produtos e verba do Comitê Olímpico Internacional.
O investimento privado superou a previsão inicial do dossiê de candidatura.
À época, estimava-se receber R$ 5,5 bilhões em valores atualizados. O comitê espera arrecadar os R$ 7 bilhões que irá gastar.
A alta se deve, principalmente, na arrecadação maior dos patrocínios locais. Enquanto em 2008 eles representavam apenas 10% das receitas, subiram para 51% no novo orçamento.