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Tostão

Balé coletivo

Antigos conceitos e lugares-comuns, repetidos por décadas no Brasil, não fazem hoje mais sentido

Faz pouca diferença na estratégia se um time atuar no 4-2-3-1, no 4-4-2, no 4-3-3 ou no 4-1-4-1, sistemas táticos mais citados pelos jornalistas e treinadores. A moda mais recente é o 4-1-4-1, com quatro defensores, apenas um volante e quatro meias (armadores), que marcam e se aproximam do centroavante.

Muito mais importante que o desenho tático são a qualidade e a característica dos jogadores, com quantos atletas o time defende e ataca, o tipo de marcação (mais recuada ou mais à frente), o espaço entre os setores, como uma equipe se posiciona para receber o contra-ataque, a eficiência nas jogadas aéreas defensivas e ofensivas e vários outros detalhes.

O futebol compartimentado, por setores, com rígida divisão de funções, tem sido, progressivamente, substituído por um jogo mais dinâmico, menos previsível, em que quase todos os jogadores se misturam e trocam de posições. É uma correria organizada, um belo balé coletivo.

No futuro, zagueiros mais habilidosos vão também avançar quando o time estiver com a bola. Os goleiros estão aprendendo a jogar com os pés. Rogério Ceni já é um doutor. Quando parar, deveria ser um professor de goleiros. Imagino que isso é muito pouco para suas pretensões. Ele quer ser o presidente, como Rivaldo.

Assim como pouco se importava com a badalação e até com o título de melhor do mundo, o enigmático Rivaldo não está nem aí quando falam que ele é um ex-atleta em atividade. Ele quer se divertir. Faz muito bem.

Nos anos 1960, o jogador que estava em todas as partes do campo era, geralmente, o grosso do time, chamado de formiguinha. Nas décadas seguintes, passou a ser o jogador tático, mais valorizado. Agora, surgiu um novo tipo de atleta, que não para em campo, mas que tem talento, sabe jogar futebol. Quem sabe, mas é lento e se movimenta pouco, ficou para trás.

Com exceção de Neymar, uma raridade, com físico e estilo que, dificilmente, surgirão em um atleta europeu, não há mais diferença na maneira de jogar entre brasileiros e europeus. Dezenas de lugares-comuns, que vêm desde os anos 1960, tipo "Brasil, país do futebol", "magia e arte do jogador brasileiro" e "futebol-moleque", não fazem mais sentido. Se o Brasil ganhar a Copa, uma das razões será o fato de que dez titulares atuam na Europa.

Hoje, há dois tipos de futebóis no Brasil, o da seleção atual, que incorporou a maneira de atuar dos grandes times da Europa nos últimos dez anos, e o fraco futebol, na média, praticado em nossos estádios.

Isso ocorre por causa da falta de grandes jogadores e de bons gramados, pelas condutas viciadas e ultrapassadas de vários treinadores e devido à ineficiência, negligência e fisiologismo da CBF, uma entidade privada, que vive quase somente para explorar, como um gigolô, a seleção, um patrimônio público.


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