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Santos vai à Justiça para ver contrato do pai de Neymar com o Barcelona
ESPANHA Clube brasileiro quer rever valor recebido e afirma que acerto prévio foi escondido
"Queremos preservar o Neymar." Ao comentar ontem a polêmica criada desde que o Barcelona divulgou os valores da negociação com o atacante, na semana passada, o presidente em exercício do Santos, Odílio Rodrigues, fez de tudo para poupar o jogador.
Mas acusou o pai do atleta e o clube espanhol de terem escondido que o acerto estava fechado entre as duas partes desde novembro de 2011.
"A gente lia, ouvia falar. Sempre perguntei para o Neymar pai e ele sempre me disse que nunca recebeu dinheiro do Barcelona. Quando tive contato com o Sandro Rosell [então presidente do clube espanhol, que renunciou na semana passada], ele também me disse que não."
Segundo Rodrigues, o Santos só estranhou o negócio quando os espanhóis divulgaram, no ano passado, que tinham gasto € 57,1 milhões (R$ 189,9 milhões, na cotação de ontem) com a transferência --o clube brasileiro recebeu € 17,1 milhões (R$ 57 milhões).
Na época, os espanhóis responderam que a diferença de € 40 milhões (R$ 133,3 milhões) entre o valor desembolsado pelo Barcelona e o recebido pelo Santos eram relativos a "acordos anteriores com outras partes".
O mandatário santista já solicitou que o pai de Neymar entregue os documentos de todos os acordos selados com o Barcelona. Diante uma primeira negativa do empresário, o Santos decidiu notificá-lo judicialmente.
"Se entendermos que o dinheiro caracteriza transferência, vamos pleitear nossos direitos", disse o presidente.
O Ministério Público Federal também abriu investigação para identificar se a N&N Sports, empresa controlada pelo pai do jogador, cometeu crime contra o fisco.
CONFLITO ÉTICO
Odílio Rodrigues se recusou a falar sobre Neymar ter defendido o Santos contra o Barcelona, na final do Mundial de Clubes de 2011, já tendo recebido € 10 milhões (R$ 33,3 milhões) do futuro time --o clube pagou mais € 30 milhões (R$ 99,9 milhões) posteriormente pela compra da opção de transferência.
Ao ser questionado sobre uma possível traição do jogador, o presidente do Santos afirmou que esperaria os documentos para saber detalhes do negócio, entre eles as datas dos pagamentos.
A Folha publicou ontem que o Barcelona pagou € 10 milhões à N&N Sports em 15 de novembro de 2011, um mês e três dias antes dos 4 a 0 sobre o Santos no Japão.
Em 8 de novembro de 2011, uma semana antes desse primeiro pagamento, o Santos tinha autorizado Neymar a "iniciar, desde já, tratativas com quaisquer entidades de prática desportiva (...) podendo concretizar eventual transferência". O documento foi assinado pelo presidente do clube na época, Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro, atualmente licenciado do cargo.
A carta foi divulgada ontem por Neymar numa rede social. Segundo Rodrigues, esse documento tinha desaparecido do arquivo do clube e foi recebido anteontem, enviado pelo pai do jogador.
