Folha de S.Paulo

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Campeã mundial em dezembro, jogadora da seleção de handebol está sem emprego há 7 meses

FERNANDO ITOKAZU DE SÃO PAULO

"Mudou bastante o reconhecimento. Lá na minha cidade, em Marialva, no Paraná, todo mundo me conhece e me dá os parabéns."

É assim que Mayara Fier de Moura, central da seleção brasileira de handebol, fala do impacto causado pelo título inédito no Mundial da Sérvia, no final de 2013.

No lado financeiro, porém, a conquista não a tirou da situação que enfrenta desde junho: o desemprego.

Mayara defendia o Hÿpo No, tradicional clube austríaco que conta com o técnico do Brasil, o dinamarquês Morten Soubak, e outras seis jogadoras da seleção.

Em maio, ela sofreu uma fratura por estresse na tíbia esquerda. "Como estava demorando para calcificar, o clube decidiu não renovar meu contrato, que acabou em junho."

Com esperança de permanecer na Europa, ela não negociou com clubes brasileiros. "Mas todos os times [da Europa] já estavam com os elencos fechados."

A central voltou ao Brasil e passou a treinar em Blumenau (SC), onde jogou antes de se transferir para a Europa.

Mesmo sem clube, garantiu um lugar entre as 16 jogadoras do Mundial da Sérvia.

Sem salário, Mayara, 27, sobreviveu com o Bolsa Atleta ("Quando não atrasa") e com uma poupança pessoal ("Sempre guardei dinheiro").

Depois de ajudar a seleção com 11 gols na campanha na Sérvia, Mayara assume a função de capitã no primeiro jogo do Brasil com o status de campeão mundial --Dara, que levantou a taça no Mundial, não foi liberada pelo seu clube, o austríaco Hÿpo.

"Vejo como uma responsabilidade e espero poder ajudar", afirma a mais experiente do grupo de 20 jogadoras convocadas para o amistoso com a República Dominicana neste domingo, às 12h, em São Bernardo do Campo (SP).

A equipe conta com quatro jogadoras que estiveram no Mundial e será orientada pelo assistente técnico Alex Aprile --Morten também não foi liberado pelo Hÿpo.

Agora, Mayara pretende fechar com algum time brasileiro, mas quer retornar à Europa. A central jogou na França antes de se transferir para o time austríaco, do qual recebeu "uma ótima proposta".