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Paulo Vinícius Coelho

Vontade política

O comprometimento do Estado é a única saída para acabar com a violência ligada ao futebol

A reunião de quarta-feira entre o delegado-geral Luiz Maurício Blazeck e o presidente do Corinthians, Mario Gobbi, terminou com a ideia de criar a Delegacia do Futebol. A proposta já foi defendida pela presidente Dilma Rousseff em dezembro. Não é ruim. Nem suficiente.

Há mais prisões de torcedores do que se informa e muito menos do que se deseja. Depois da criação das delegacias dos estádios, várias detenções foram a julgamento e algumas sentenças levaram brigões a fazerem serviços sociais na hora dos jogos.

Mas como os crimes nos estádios são leves e as tentativas de homicídio acontecem a quilômetros de distância, alguns juízes abrandaram suas sentenças. Em vez de tirar o brigão do estádio, passaram a punir com pagamento de cestas básicas.

"O juiz acha que o pai de família que vai uma vez por ano ao estádio só vai sentir se doer no bolso", diz uma fonte da Polícia Civil.

É difícil discutir punições aos assassinos do futebol quando há assassinos à solta que nunca pisaram num estádio. É do país a sensação de impunidade.

Mas aqui discute-se como acabar com a violência boleira. Só com vontade política.

Significa, por exemplo, inventar um mecanismo qualquer que faça todas as ações caírem na mesma vara. Significa forçar a mão para que os crimes do futebol sejam punidos de modo a acabar com a ideia de que sempre serão impunes.

É mais difícil acreditar nisso do que imaginar que a greve daria resultado. Mas a única saída é o comprometimento do Estado.

A greve mais famosa da história do futebol aconteceu na Argentina em 1948. Os jogadores dos clubes grandes foram solidários com os mais modestos, que recebiam luvas na assinatura de seus contratos, mas deixavam de ter salário quando as derrotas se avolumavam --os times pequenos paravam de pagar.

Aqui é diferente. Os jogadores do interior não sabem se terão emprego no segundo semestre e a greve aumentaria a chance de desemprego. Essa situação dificulta a coesão do movimento. É por isso que hoje tem rodada do Paulistão.

A pressão grevista seria boa, mas só a vontade política vai resolver. Em outubro, a polícia prendeu Carlos Roberto de Brito Júnior, o Neguinho da Gaviões, por tentativas de homicídio em rixas de torcidas na Freguesia do Ó, em 2012, e em Carapicuíba, em 2013. Na sexta-feira, véspera da invasão do CT do Corinthians, ele foi solto.

Há 15 anos, argumentava-se não haver legislação para os crimes do futebol. Hoje, argumenta-se que a lei dá brecha para soltar.

A Secretaria de Segurança, a CBF, o Governo Federal, os Ministérios do Esporte e da Justiça, a Polícia Civil, a Polícia Militar, o presidente do Corinthians... Todos têm de ser cobrados! A polícia tem de prender. A Justiça precisa manter presos.


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