Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Esporte

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Campeões mundiais, handebol e vôlei definham em ligas nacionais

CRISE Enquanto seleções brilham, campeonatos sofrem com falta de dinheiro e estrutura

MARCEL MERGUIZO PAULO ROBERTO CONDE DE SÃO PAULO

Título mundial inédito conquistado em dezembro. Tricampeão mundial e chance de obter o tetra neste ano.

Esses são, respectivamente, o handebol feminino e o vôlei masculino do Brasil. Melhores seleções do mundo.

Os torneios domésticos das modalidades, porém, não acompanham o sucesso.

No vôlei, a crise atinge até o atual campeão nacional.

Sem dinheiro após a saída do principal patrocinador, o RJ Vôlei viu uma debandada.

Cinco jogadores, todos com passagens pela seleção, saíram. Outros dois têm salários atrasados até hoje.

No handebol, os times que disputam a Liga Nacional sofrem com a pouca estrutura. O último campeonato feminino teve três adiamentos.

O problema não é dinheiro. As confederações brasileiras de vôlei (CBV) e handebol (CBHb) recebem repasses milionários do governo e do Comitê Olímpico Brasileiro.

Só da Lei Piva, a CBV vai ganhar neste ano R$ 3,9 milhões. A CBHb terá R$ 3,7 mi.

O Ministério do Esporte tem convênio de R$ 10 milhões para o vôlei de quadra, e paga R$ 9,4 milhões para preparar as seleções de handebol para os Jogos Rio-2016.

Na visão dos atletas, liga nacional e seleção não deveriam ter tanta disparidade.

A CBV ainda tem contrato de direito de transmissão dos jogos da Superliga e das seleções masculina e feminina com a Globo. Mas não há repasse para os clubes.

"O peso para a seleção e a Superliga é igual na CBV. Cada um tem seus problemas", diz o ex-jogador Renan dal Zotto, hoje gestor institucional e de marketing da CBV e também da Superliga.

VÔLEI

Campeão da Superliga B na última temporada, o Montes Claros, que atuava em Goiás, mudou-se no meio de 2013 para o norte de Minas Gerais.

Mas a mudança não foi para atrair torcida ou patrocinadores. Foi para sobreviver.

O projeto não conseguiu captar com governo e iniciativa privada os R$ 2,5 milhões que precisava. Ficou devendo salário aos jogadores.

Hoje, sustenta-se com R$ 1 milhão para pagar as despesas de toda a temporada, de setembro a abril. As principais equipes têm orçamentos de até R$ 10 milhões.

Para seguir na Superliga, os jogadores aceitaram reduções salariais que variam de 50% a 60%. Mas cinco deles deixaram a equipe, que tem apenas 12 atletas para jogar.

Para poupar verba, na última rodada do ano passado jogadores foram de metrô ao jogo contra o RJ Vôlei, no ginásio do Tijuca Tênis Clube.

Como o hotel era perto, a comissão técnica foi a pé.

Na época, os cariocas também já sofriam com a crise que deixou parte dos jogadores com quatro meses de salários atrasados. Tudo piorou com a saída da OGX, empresa do grupo de Eike Batista.

"O produto da CBV é a seleção, a Superliga apenas entra no pacotão. Isso, daqui a 20 anos, vai refletir na seleção", afirmou Thiago Sens, ponteiro que foi ao Al Jazeera após quatro meses sem receber.

O RJ Vôlei tem somente dez atletas no elenco. Até tentou inscrever novos jogadores para repor, mas os outros times não aprovaram a manobra.

HANDEBOL

Sem milionárias folhas de pagamento, os clubes da Liga Nacional sobrevivem como podem. "O maior salário de uma atleta top é R$ 5.000", diz Alberto Rigolo, da Metodista, time mais tradicional do esporte no Brasil.

A entidade tinha desde 2011 um acordo com o austríaco Hÿpo No, mas o vínculo foi encerrado anteontem.

O Hÿpo funcionava como base do time nacional feminino campeão mundial --seis atletas que foram ouro no torneio defendiam a equipe.

A confederação brasileira, porém, já anunciou que procura um outro clube para consolidar nova parceria.

Enquanto isso, atletas nem cogitaram voltar a atuar no handebol nacional.

A ponta Alexandra Nascimento, eleita melhor do mundo em 2012, nem bem deixou o Hÿpo e fechou com o Baia Mare, da Romênia.

"A confederação optou por mandar jogadoras para a Europa e, assim, atuarem em alto nível. Mas pagamos um custo alto. Isso esvaziou a Liga Nacional", diz Rigolo.

Do time que fez história na Sérvia, só quatro atletas atuavam no Brasil. Uma delas, Amanda, defendeu o Concórdia (SC). "Acho que vamos perdê-la, porque ela tem proposta da Europa", conta o técnico Alexandre Schneider.

O treinador faz o que pode com o orçamento de R$ 350 mil anuais. "O ideal seria ter uns R$ 700 mil, mas a curta duração da liga afugenta os parceiros", declara.

Segundo os técnicos ouvidos pela Folha, a CBHb ainda não informou a data de início nem o tempo de duração da Liga Nacional deste ano.

A incerteza preocupa. Para os clubes, disputar o torneio sai caro. Eles arcam com passagem, hospedagem e parte da arbitragem.

"A promessa da confederação é que haverá uma ajuda maior em 2014. No ano passado, coloquei R$ 30 mil do bolso", diz Gabriel Citton, técnico de Caxias do Sul.

O próprio técnico da seleção feminina, o dinamarquês Morten Soubak, é contumaz crítico da Liga Nacional.

"Nossas ligas nacionais estão muito longe das europeias", disse em dezembro.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página