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Rúgbi caça jogadores em outros esportes

RIO-2016 Confederação investe em projeto de transferência de talentos e capta atletas até de lutas marciais

PAULO ROBERTO CONDE DE SÃO PAULO

A confirmação de que as seleções brasileiras masculina e feminina de rúgbi disputarão a Olimpíada do Rio saiu há apenas duas semanas.

A preparação da CBRu (Confederação Brasileira) começou bem antes. E caçando e recrutando atletas de outras modalidades, o que é chamado de transferência de talento. Tudo para tentar deixar os times competitivos em 2016.

No Rio, a modalidade em disputa será a de sete jogadores --a tradicional é com 15.

O projeto teve início em abril do ano passado e, até agora, já arregimentou atletas do atletismo, boxe e jiu-jítsu.

A ciência tem ajudado. Em junho, a entidade fez, em parceria com o Núcleo de Alto Rendimento do Grupo Pão de Açúcar, em São Paulo, e uma universidade paranaense, uma avaliação científica em massa dos atletas que já estavam na seleção masculina.

Os resultados formam uma tentativa de traçar um perfil ideal do jogador de rúgbi. O estudo, que ainda será finalizado, servirá de base para a sequência do projeto.

Por enquanto, no naipe masculino, um atleta recrutado tem vingado: o paulista Cleiton Sabino, 26. Ele começou no decatlo, mas se destacou no salto em distância.

Há dois anos, obteve sua melhor marca --7,69 m--, que chegou a posicioná-lo entre os dez melhores do país à época.

Seus resultados encantaram mesmo a CBRu. "No começo, o Sami Arap [presidente da entidade] só me chamou para conhecer o esporte. Mas depois me falou dos planos", disse Sabino. Após conversar com o irmão, Jefferson, também saltador e atleta olímpico, ele aceitou a mudança.

Por um bom tempo, só treinou com a seleção feminina. Até porque não conhecia as regras básicas do esporte.

"Só sei que eu tinha o que eles queriam, a velocidade", afirma o jogador, cujo melhor tempo nos 100 m é 10s92.

Nos meses de "imersão" no rúgbi, aprendeu as regras, ganhou três quilos de massa muscular e fez reforço para melhorar a sua resistência.

Sabino integrou a seleção no final de 2013. Na semana passada começou a treinar efetivamente na equipe do Corinthians, como ponta. Aos poucos, ele diz se sentir mais conectado ao novo esporte.

SELEÇÃO FEMININA

A equipe feminina de sete geralmente fica entre as dez melhores do mundo em torneios internacionais. Na etapa de Dubai da Copa do Mundo, em dezembro, foi a oitava.

Para dar um salto maior para a Rio-2016, a CBRu também optou por recrutar atletas de outras modalidades.

Daniela Teixeira, 18, era atleta do salto com vara. Tinha 3,30 m como melhor marca --o recorde sul-americano de Fabiana Murer é 4,85 m.

"O técnico da seleção [Chris Neill, neozelandês] me viu e convidou para o time", conta a jogadora do Bandeirantes.

O sonho de ir à Olimpíada pesou. Mas o que a fez mudar foi o dinheiro. "Era muito difícil viver de atletismo. Aqui a confederação me apoia, e eu tenho mais perspectivas."

Segundo a CBRu, muitos outros atletas como Sabino e Daniela serão recrutados. A entidade, porém, não quer se indispor com outras confederações.

"Não vou atrás dos melhores. Mas sabe aquele cara que fica entre o 11º e o 20º lugar? Ele poderia se tornar um ótimo jogador de rúgbi", diz o presidente da CBRu, Sami Arap.

A medida não garante resultado, e a própria confederação desconhece qual será o efeito, opina o técnico da seleção masculina, o neozelandês Brent Frew. "Procuramos atletas talentosos. Mas, ainda que os achemos, é preciso formá-los. A verdade é que vai demorar", afirma.


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