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Tostão

Neurose de repetição

Não se formam, no Brasil, armadores que jogam de uma área à outra nem atletas que atuam pelos lados

O Brasil e quase todas as seleções e times do mundo, independentemente do sistema tático, possuem um jogador de cada lado, que forma dupla com os laterais, no ataque e na defesa.

O Corinthians foi a primeira equipe brasileira a adotar essa postura, com sucesso e muita rigidez. A repetição melhora a técnica, constrói um estilo, mas, quando excessiva, sem variações e improvisações, empobrece a criatividade e leva à estagnação e à mediocridade. Foi um dos motivos da queda do Corinthians.

Outros times brasileiros passaram a ter a mesma postura, com menos rigidez, como o Cruzeiro, o Atlético-MG, o Botafogo do ano passado e o Santos deste ano, os dois últimos treinados por Oswaldo de Oliveira. Oswaldo, escale Gabriel!

Já outros, como os atuais Fluminense e Corinthians, adotam a postura de 20 anos atrás, com três volantes, um meia de ligação e dois atacantes. São os laterais que avançam pelas pontas, isolados, às vezes, com o apoio dos volantes que atuam ao lado de outro mais centralizado e recuado. Como é difícil para o volante sair do meio para o lado, para fazer a cobertura, os laterais ficam desprotegidos, ainda mais contra times que atacam pelos lados, com um meia e um lateral.

Muricy barrou Ganso contra o Santos, para colocar um meia mais ofensivo, Pabon, próximo a Luis Fabiano. O técnico quis ainda acordar Ganso de seu berço esplêndido. Outro motivo é arrumar um lugar para Pato.

Se mantiver o esquema com um jogador de cada lado, Pato, provavelmente, vai formar dupla com Luis Fabiano, saindo Ganso. Para funcionar bem uma dupla na frente, é necessário que os jogadores pelos lados, além de marcar, tenham característica de meias, armadores, e não de atacantes, para não sobrecarregar os volantes, na marcação e na armação das jogadas. Outra possibilidade é o time jogar com três volantes, um meia de ligação (Ganso) e Luis Fabiano e Pato na frente.

Os treinadores brasileiros, mesmo os mais estudiosos, mais bem informados, mais modernos, estão impregnados com o conceito ultrapassado de que o meio do campo é dividido entre os volantes, que marcam, e os meias ofensivos, que criam as jogadas e chegam à área, para fazer gols, como Muricy quer que Ganso faça. É a neurose de repetição, presente nos seres humanos ditos normais. É mais seguro e mais fácil repetir que mudar.

Ganso não é nem nunca foi volante ou meia ofensivo. É um armador, que deveria ter se preparado, desde as categorias de base, para atuar de uma área à outra, marcando e atacando, como fazem os grandes talentos desta posição, como Schweinsteiger, Kross, Xavi, Thiago Alcântara, Yaya Touré, Modric, Pirlo e outros.

Não há no Brasil, nas categorias de base, formação de armadores deste tipo nem de jogadores que atuam pelos lados.

Estamos atrasados.


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