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Torcidas no Brasil seguem caminho argentino, diz ONG

VIOLÊNCIA
No país vizinho, organizadas recebem dinheiro e despertam medo

ALEX SABINO DE SÃO PAULO

A violência no futebol brasileiro segue o mesmo caminho da Argentina. As organizadas têm influência na vida dos clubes, contatos no mundo político e vivem sob a inércia e medo dos dirigentes.

O alerta foi feito à Folha pela Salvemos al Fútbol (Salvemos o Futebol), ONG criada para combater os barras bravas, apelido dos torcedores violentos no país.

"Soube do rapaz que morreu recentemente [o santista Márcio Barreto de Toledo]. As características do crime lembram o que se passa na Argentina", diz Mariano Bergés, vice-presidente da entidade.

Pelos dados da ONG, brigas no futebol local já produziram 281 mortes. Não há um número oficial no Brasil. Segundo o diário "Lance", são 236 mortos. Mas a população brasileira é de 201 milhões de habitantes. Na Argentina, são cerca de 44 milhões.

"Sofremos com esse flagelo há mais de 20 anos", completa Bergés, referindo-se aos "barras bravas", como são conhecidos os torcedores argentinos fanáticos e, geralmente, agressivos.

A luta é tão inglória que a fundadora da entidade, Monica Nizzardo, desistiu de presidir a ONG. "Essa violência não tem solução. Cansei", disse à Folha.

A violência nem sempre resulta em mortes. Na semana passada, um grupo de "barras" do Los Andes disparou tiros contra o portão da casa do presidente do clube, Oscar Ferreyra. Ele renunciou, assim como toda a diretoria.

"Os barras bravas de quase todas as equipes têm ligações com a polícia, são usados por partidos, possuem representantes em altos cargos. Não há vontade política para combatê-los", opina Bergés.

No Brasil, organizadas também começam a ter boas relações com políticos que ocupam cargos eletivos.

Em homenagem ao Corinthians, em 2013, o vereador paulistano Antônio Goulart (PSD), se definiu como "Gavião". Referia-se à torcida Gaviões da Fiel.

Tal qual ocorre aqui, cartolas e atletas argentinos são acusados de conivência com os violentos. Não é raro que ofereçam dinheiro a eles.

"Isso é mais comum do que se pode imaginar. Você faz o quê? Não dá? Eles sabem onde você mora, onde seus filhos estudam...", afirma o ex-zagueiro Oscar Ruggeri, campeão mundial em 1986.

Há vantagens financeiras em ser "barra brava". São ingressos negociados no mercado negro, venda de camisas, doações em dinheiro e briga pelo "direito" de controlar os guardadores de carros nos arredores do estádio.

"Um dirigente de futebol tem o dever de denunciar as atividades dos torcedores violentos e não ter relação com eles. Os barras agem assim porque têm certeza da impunidade", finaliza Bergés.


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