Folha de S.Paulo

Atlético-PR admite que empresa pagou jogador

BERNARDO ITRI DO PAINEL FC

O Atlético-PR admitiu ontem que a CAP S/A, empresa constituída para receber recursos para a obra da Arena da Baixada, foi usada na contratação de um jogador.

Em nota, o clube disse que a CAP S/A é "uma sociedade com o propósito exclusivo de executar as obras do estádio" e que R$ 1,5 milhão saiu da conta da empresa para a contratação de Léo, atleta que estava no Vitória-BA.

O caso foi revelado ontem pela Folha.

O Atlético-PR argumenta que a transferência do valor para o Vitória serviu para que a CAP S/A pagasse uma dívida que possuía com o clube.

Alega que realizou empréstimos para a empresa conduzir a reforma da arena, já que houve atraso em financiamentos. E como forma de abater a dívida com o Atlético-PR, a CAP S/A realizou o pagamento direto ao Vitória.

O BNDES, maior financiador da obra da Arena da Baixada, nega atrasos nos repasses do dinheiro para a obra.

O Atlético-PR diz ainda que recentemente voltou a ser credor da CAP S/A por ter realizado novo empréstimo.

AUDITORIA

A Fomento, órgão do governo do Paraná que repassou R$ 226,4 milhões públicos à CAP S/A, confirma que a transferência para a contratação do atleta não poderia ter sido realizada, já que a finalidade da empresa é apenas a reforma da arena.

A instituição diz que as auditorias realizadas mensalmente na CAP S/A relatam que o R$ 1,5 milhão gasto não é público e que se trata de dinheiro do Atlético-PR.

A Folha apurou que a transferência do valor foi rastreada pela auditoria da Fomento, que notificou o Atlético-PR sobre a irregularidade da operação. Segundo a Fomento, a partir deste aviso, o clube se comprometeu a não realizar mais esse tipo de transação.

Após a divulgação do caso, o Ministério Público do Paraná enviou ontem pedido de esclarecimento ao clube.

A partir das repostas do Atlético-PR, o Ministério Público vai avaliar se abrirá ou não um processo contra os envolvidos.