Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Esporte

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Xico Sá

Mais mulher no estádio

Além de suavizar o ambiente macho, a participação feminina poderia reduzir a violência

Amigo torcedor, amigo secador, "apenas" 26% acham que roupa justifica ataque a mulher. Noves fora o erro do Ipea, arrisco, sem carecer qualquer enquete, que nos estádios de futebol esse número de porcos chauvinistas (nada contigo, caro palmeirense!) ultrapassa os 65% anteriormente divulgado pelo instituto de pesquisa do governo.

Quando a mulher não está acompanhada de marido ou namorado, nossa madre, as agressões remetem aos marmanjossauros de caverna. Short curto, mesmo no purgatório da beleza e do caos de um verão carioca, é risco de vida. Ao ponto de blogs sobre comportamento feminino aconselharem trajes quase clericais às torcedoras que vão a campo.

Por estas e por outras a presença da mulher nas arquibancadas é ainda tão pequena, mesmo com o aumento nas últimas décadas. Uma pena. Além de dar uma suavizada naquele desagradável ambiente macho, a participação feminina poderia até mesmo reduzir a violência dos doentes. Se o cara vai ao estádio com a mãe, a mulher, a namorada etc, naturalmente fica mais manso, menos atraído pela selvageria. Acredito.

Nada mais comovente do que uma mulher com febre de bola. Como uma botafoguense que vi na noite de quarta-feira no Rio. Ela chegava ao Galeto Sats, o melhor fim de noite de Copacabana, após uma jornada infeliz do alvinegro no Maraca. Triste, solitária e final, como no título do romance bueníssimo do craque argentino Osvaldo Soriano.

Vestida conforme os manuais, para se proteger da falta de civilidade do "país cordial", a estrela solitária --calça jeans e camiseta vintage do Fogão-- ainda encarou a euforia dos flamenguistas. Tudo bem, é frequentadora do bar, estava entre amigos. O que exalto é a beleza da cena. Ela trazia do Maraca toda a melancolia que só botafoguense carrega. Se a vida dói, drinque caubói. Sim, ela pediu vodka para espantar os males da angústia futebolística.

Alegre, como as rubro-negras naquela mesma taberna, ou abatidas pela derrota, nada mais bonito do que uma mulher com passionalidade clubística. Por mais mulheres nos estádios. Por mais "sãopaulindas", no dizer dos tricolores, por mais sereias santistas, mais corintianas como a minha colossal enfermeira do Ipiranga, mais ragazze palestrinas...

Por mais marias bonitas e dadás (a mulher de Corisco) na Lampions League, o campeonato mais emocionante do país. E olhe que muitas mulheres foram à Ilha do Retiro neste Sport 2 a 0 no Ceará. Só a Lampions salva o nosso futebol.

Perto desse torneio do Nordeste a Libertadores da América parece jogo de comadres. Que duelo de renegados. Como na bela crônica de Thalles Gomes para o blog "Impedimento", no primeiro jogo da final da Copa do Nordeste, a glória brotou da inhaca. Futebol ao melhor estilo "onde os fracos não têm vez".

@xicosa


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página