Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Esporte

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Paulo Vinícius Coelho

Meninos e homens

Entre levar um jovem de talento ao Santos ou a outro clube, a opção atual é quase sempre a Vila Belmiro

Chico Formiga já tinha sido contratado para ser o técnico do Santos, em abril de 1978, quando assistiu da tribuna do Pacaembu à derrota para o Operário-MS por 2 x 1. O presidente Rubens Quintas aproximou-se e perguntou o que julgava necessário para sair da crise. Formiga foi direto: "Tem de comprar um time novo, inteirinho!"

A conversa repetiu-se depois da derrota para o Náutico, um mês depois. Quintas argumentou não ter dinheiro e ouviu a tréplica de Chico Formiga. "Tem de comprar um novo time, todinho!" Diante da recusa do presidente, ironizou: "Ou então é melhor colocar os garotos para jogar". Quintas levou a sério: "Pode pôr os meninos!"

Chico Formiga contava desta maneira o início da formação da equipe apelidada de Meninos da Vila, em 1978. Foi no improviso.

O técnico afastou veteranos como Carlos Roberto e Aílton Lira --depois reintegrado. Deu a camisa 10 a Pita e definiu o ataque com Nilton Batata, Juary e João Paulo.

Nasceu assim o primeiro Santos campeão depois de Pelé.

Meninos da Vila é um conceito que vem desde o título de 1955 e não inclui apenas os formados em casa.

A escalação clássica de 1978 tinha Clodoaldo, Pita e Juary formados na base, mas meninos eram também Nilton Batata, ex-Atlético-PR, e João Paulo, ex-São Cristóvão.

No Brasileirão de 2002 e na Libertadores de 2011 havia quatro titulares com passagem pela base.

Com a lesão de Gustavo Henrique, o Santos de hoje escala três: Gabriel, Geuvânio e Émerson.

A diferença é a razão da aposta. Rubens Quintas queria os garotos por falta de grana. Hoje, o Santos não nada em dinheiro, mas lança meninos por filosofia. Entre levar um jovem talentoso para o Santos ou a outro clube, a opção atual de pais e empresários é a Vila Belmiro. Lá, divisões de base têm chance.

O gerente de futebol, Zinho, comprou a ideia. Na chegada de Oswaldo de Oliveira, o técnico pediu um volante. Zinho argumentou: "Espere um mês e observe o Alan Santos". Oswaldo gostou. Ano passado, Zinho alertou sobre Geuvânio.

Há um ditado do futebol, segundo o qual "meninos ganham jogos, homens vencem campeonatos". Mesclar na medida certa é importante. A nova geração é excelente, mas muitas vezes quem decide são os experientes. Gols de Cícero abriram as vitórias nas quartas de final e na semifinal contra Ponte Preta e Penapolense.

Também foi dele o gol da vitória magra sobre o Ituano, na primeira fase --1 x 0, aos 46 minutos do 2º tempo. Não espere jogo simples contra o Ituano de novo.

A experiência é fundamental em partidas assim.

Mas juventude é uma receita infalível para não depender de empresários e do mercado de jogadores medianos do futebol brasileiro atual.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página