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Sabatina - José Miguel Wisnik

Copa vai propiciar confronto do Brasil consigo mesmo

Para ensaísta e professor da USP, além de enfrentar rivais no mundial, país terá de lidar com sua incapacidade de administrar

Os desafios do Brasil durante a Copa não ficarão restritos aos rivais. O país terá de enfrentar sua incapacidade de agir sobre si mesmo, de gerir recursos e de administrar.

É o que afirma o músico e professor de literatura da USP José Miguel Wisnik, 65. "O Brasil viverá uma espécie de confronto consigo mesmo", diz.

Em sabatina da Folha, anteontem, em São Paulo, o autor do ensaio "Veneno Remédio - O Futebol e o Brasil" (2008) falou sobre a relação dos brasileiros com a seleção, os protestos de 2013 e Neymar.

Veja os principais momentos do encontro que contou com a participação de Manuel da Costa Pinto, colunista da Folha, do jornalista e romancista Sérgio Rodrigues, e de Naief Haddad, editor do caderno "Esporte".

Neymar

Santista "desde antes da era Pelé", José Miguel Wisnik é fã de Neymar e o acompanha no Barcelona. Para ele, o atacante tem ido além do que se esperava dele --embora entenda que fatores extracampo afetaram o desempenho do jogador ultimamente.

"O modo como ele chegou ao clube, a queda do presidente, o envolvimento do pai e a relação com o Santos o abalaram. Ele torceu o tornozelo e, na volta, perdeu o foco. Mas já está se recuperando", afirma o professor da USP.

Seleção brasileira

Na opinião de Wisnik, a seleção é algo pertencente à cultura do povo, uma "criação coletiva da população" e que ninguém pode tomá-la para si, nem mesmo a CBF.

Nesse sentido, a Copa das Confederações reaproximou os brasileiros da equipe nacional, que estava desacreditada, "perdida de si mesmo".

Ao término da competição, a seleção havia resgatado sua verdadeira essência.

Protestos

Durante a Copa das Confederações, o futebol também serviu de vitrine às insatisfações da população, deu alcance às bandeiras levantadas.

Para o ensaísta, tal como no ano passado, a Copa não deverá ser tomada por uma euforia que teima em ignorar os abusos, as inconsequências e as contradições vistas no Brasil com a organização de um megaevento desse tipo.

"É um sinal positivo de que a sociedade está atenta", diz.

"O Brasil viverá uma espécie de confronto consigo mesmo. Enfrentará as outras seleções, porém, enfrentará ainda sua própria incapacidade de agir sobre si, de gerir recursos, de administrar."

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Wisnik classificou o comercial de TV de uma marca de refrigerante, no qual Neymar aparece fazendo pegadinha com os estrangeiros que viajam ao Brasil, como algo infeliz e detestável. "Passa a mensagem de que o brasileiro sacaneia o outro. É algo pequeno."

Expectativas para a Copa

Avesso a palpites diante do caráter "imponderável" do futebol, Wisnik não nomeia um favorito e diz apenas querer que o futebol esteja vivo e que o Brasil seja digno de sua história. "Ao mesmo tempo, desejo que as inconsequências não passem silenciadas."


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