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Fábio Seixas

O acampamento

Pilotos de atual geração sofreriam bullying se encontrassem com aqueles dos anos 80

Um salão de hotel, com um carpete cinza florido e colchões espalhados pelo chão.

Encontro de estudantes? Turistas sem um local para ficar? Excursão mal sucedida?

Longe disso. A cena aconteceu em 1982 no Sunnyside Park Hotel, em Kyalami, na África do Sul. E foi uma greve de pilotos.

Revoltados com a antiga Fisa, braço esportivo da FIA, as estrelas do Mundial não apenas cruzaram os braços como se trancaram por uma noite no hotel.

O motivo foi a criação da superlicença, que trazia embutida algumas regras leoninas. Só teriam direito ao documento pilotos com contrato assinado, o que, na prática, os prendia às equipes.

O líder do movimento foi Lauda, que buscou os colegas um a um no paddock e os levou ao hotel. No dia seguinte, a Fisa cedeu e os pilotos foram à pista.

Mais tarde, ainda em meio a discussões, os grevistas acabariam multados em US$ 5.000 cada e o GP da Argentina seria suspenso.

Mas o recado estava dado, o objetivo tinha sido alcançado.

As fotos do "acampamento" são épicas, pelo inusitado da coisa. Sujeitos endinheirados como Lauda, Piquet, Villeneuve, Rosberg, Prost e Patrese completamente amarrotados, deitados no chão lado a lado, curtindo a bagunça.

Agora, 32 anos depois, a F-1 voltou a falar em greve. Mas os tempos são outros. Bem outros.

Raikkonen, Grosjean, Hulkenberg, Kobayashi e Sutil brigam para receber salários atrasados.

Reivindicação justa, claro. Mas não deu pra saída: Ecclestone agiu, deixou claro que era melhor não inventar moda, invocou contratos assinados com promotores e dezenas de emissoras de TV, sufocou qualquer possibilidade de paralisação.

"Nunca discutimos uma greve", afirmou Hulkenberg. "Amamos o esporte e não faríamos nada para machucá-lo", disse Button, presidente da GPDA, a associação dos pilotos.

A diferença não está do lado de lá do balcão. Ecclestone já era forte e influente naquele início dos 80.

A mudança está entre os pilotos. Button, Hulkenberg e companhia sofreriam bullying se fossem jogados naquele salão do hotel sul-africano. Cercados por assessores/babás desde sempre, a maioria esmagadora dos pilotos de hoje desaprendeu a ter atitude. Ninguém fala, ninguém reclama.

Cenas como aquela do Sunnyside, nunca mais.

DOMENICALI

Substituir o "dream team" ferrarista, de Todt, Brawn, Byrne e Martinelli, era tarefa inglória. Mas Domenicali em nenhum momento chegou perto de reeditar os anos de ouro da escuderia italiana.

Deixou a equipe após a última das barbeiragens: Raikkonen correu no Bahrein com o chassi avariado. Seu substituto, Mattiacci, é uma incógnita. Mas não é prudente já apostar no fracasso. Briatore também chegou à F-1 vindo dos EUA e sem saber nada do esporte. Deu no que deu.

fseixasf1@gmail.com


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