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Opinião
Estava ficando cada vez mais chato ir ao estádio
EDUARDO SCOLESE COORDENADOR DA AGÊNCIA FOLHAA tarde de ontem foi fria e estranha no Pacaembu.
Fria por causa da temperatura, claro, mas também pelo jogo, que pouco empolgou os quase 40 mil corintianos.
Estranha por causa dessa anunciada despedida. O problema é que não parecia uma despedida de fato. Estava mais com jeito de um "até logo". Ou quem sabe um "tchau", até a próxima final de Copa São Paulo.
E, já que a partida não ajudava, o jeito foi lembrar algumas das andanças que tive por lá a partir do início dos anos 80.
Lembrei, por exemplo, o jogo mais emocionante. Um Corinthians x São Paulo, pelas semifinais do Paulistão de 1988, quando esse torneio ainda valia alguma coisa. E valia muito.
O Corinthians perdia por 2 a 1 até os 46min do segundo tempo, quando Éverton recebeu um passe em profundidade do zagueiro Marcelo e, mesmo sem olhar para o gol, bateu de primeira, encobrindo um desesperado Rojas.
Naquele dia, assim como ontem, estava atrás do gol de entrada do estádio. A bola tocada por Éverton parece que levou dias para chegar às redes. Foi pingando, pingando, até fazer explodir o estádio --eu e meu pai juntos.
Recordações, claro, da campanha invicta da Libertadores-2012. A cabeçada do Paulinho, o drama da semifinal e o alívio do título.
Ontem, porém, percebi como estava ficando cada vez mais chato ir ao Pacaembu. Ao longo dos últimos anos, proibiram estacionar carros na praça Charles Miller, vetaram a cerveja e sumiram com as barraquinhas de pernil e calabresa. Chato também pelos cambistas, flanelinhas e banheiros imundos de sempre.
Entre os torcedores, pouco se falou do adeus ao Pacaembu. Todo mundo queria mesmo saber como será a vida no novo estádio: teremos tempo de pegar metrô após os jogos das 22h? E qual título marcante nos aguarda nessa arena se, afinal, já ganhamos tudo?