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Fábio Seixas

Esperança vermelha

Retorno de Brawn é não só solução óbvia como a melhor saída para a equipe italiana

Leo Turrini é um jornalista italiano com algumas qualidades.

Uma delas é saber de cor a escalação do Brasil na Copa de 82, com direito a detalhes. Em idas e vindas em vans de autódromos mundo afora, nossa diversão era desafiar seus conhecimentos sobre Sócrates, Zico, Falcão, Éder, Cerezo e cia.

Uma outra qualidade é ser o jornalista mais bem informado sobre a Ferrari. Trabalha para um jornal de Bolonha, "Il Resto del Carlino", que também tem algumas qualidades.

Uma delas é a origem do nome --pesquisem e se deliciem. A outra é ser independente, um contraponto à "Gazzetta dello Sport" --que, como a escuderia, pertence à Fiat.

Pois o jornalista e o jornal revelaram que Brawn esteve na Ferrari na segunda-feira. Leo é bem-humorado e listou alguns motivos que teriam levado o engenheiro a sair de sua casa, na Inglaterra, para viajar até Fiorano.

Brawn teria ido comprar bananas na quitanda que tanto frequentou entre 1997 e 2006.

Melhor: teria ido comprar uma Ferrari, após tantos anos ganhando altíssimos salários.

Ou Mattiacci, o novo chefe ferrarista, é um homem muito inteligente e persuasivo.

Brawn deu entrevista à "Gazzetta", vejam que coincidência, dizendo que estava apenas passeando por vinícolas com um grupo de amigos e que decidiram testar umas Ferraris.

Explicação estapafúrdia por quantos lados você quiser enxergar.

A volta de Brawn é não apenas a saída óbvia como a melhor possível para a Ferrari. E Mattiacci, chegando agora, claramente ouviu isso de muita gente.

O engenheiro inglês era o melhor cérebro do "dream team" que conquistou tudo entre 2000 e 2004. De lá pra cá, só melhorou o currículo.

Teve a honra de ser campeão mundial com uma equipe batizada com seu nome e deixou a Mercedes em águas tranquilas para arrebatar a temporada de 2014.

Mais: sabe todos os segredos por baixo das carenagens prateadas. Mais ainda: se enquadra no espírito defendido por Montezemolo de fins que justificam meios.

Negociações deste porte levam tempo, e duvido que Brawn aceite entrar na barca furada que é a Ferrari deste ano. Mais provável que assuma no meio da temporada, já totalmente voltado para o projeto de 2015, começando tudo do zero, mandando e desmandando.

Para ele, que perdeu espaço político na Mercedes, seria uma bela volta por cima. Para a Ferrari, seria a maior esperança --inclusive, de reter o insatisfeito Alonso. Para a lisura do esporte, tenho minhas dúvidas.

Para Leo e seu modesto "Il Resto del Carlino" seria mais um belo furo. Resultado de apuração jornalística de verdade, sem Google ou redes sociais. Que bom quando isso (ainda) acontece.

fseixasf1@gmail.com


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