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Guerra dos sexos

Bandeirinha que foi aconselhada por cartola a deixar o futebol e posar nua após erro em clássico diz que foi 'crucificada' por ser mulher

FELIPE BRANCO CRUZ

Além de chamar a atenção pela beleza, a bandeirinha Fernanda Colombo Uliana, 23, virou assunto nesta semana após marcar um impedimento inexistente de Alisson, do Cruzeiro, na derrota celeste por 2 a 1 para o Atlético-MG, na quarta rodada do Brasileiro.

O lance rendeu uma polêmica declaração do diretor de futebol do Cruzeiro, Alexandre Mattos, que disse que Fernanda deveria posar nua para a revista "Playboy" em vez de trabalhar na arbitragem.

"Foi uma situação desnecessária. Julgaram o erro por eu ser mulher, e não como uma pessoa comum. Foi uma troca de valores", disse a bandeirinha ontem, quebrando o silêncio dos últimos dias.

Por orientações da Federação Catarinense de Futebol, à qual é filiada, ela estava evitando entrevistas. "Estava esperando a poeira baixar. Não quero mais exposição."

Embora sempre tenha considerado o futebol um esporte machista, como conta, Fernanda afirma nunca ter presenciado uma manifestação como a de que foi vítima.

"O futebol é um esporte que, infelizmente, faz aflorar esse lado preconceituoso. Com certeza a declaração foi machista. Muitos erram no futebol. Por que o meu se tornou mais evidente? Foi pelo fato de eu ser mulher. O erro não comprometeu o resultado final."

Com o caso, ela diz ter até se surpreendido. "Fui crucificada por algo que eu nem sabia que tinha: beleza. Não sabia que eu era tão bonita assim."

A assistente já afirmou mais de uma vez que um ensaio sensual não está em seus planos --ao menos por ora. "Não tenho a menor intenção de ser modelo ou posar nua. Levo minha profissão muito a sério. Estou focada nisso."

No ano passado, em entrevista ao site Extra, ela afirmou que não poderia dizer que nunca aceitaria um convite. "Dependendo da proposta, da minha necessidade financeira, irei analisar. Porém, repito, agora não poso nua", disse.

Natural de Criciúma (SC), Fernanda estudou educação física na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), em Florianópolis, onde se formou em 2013.

Atualmente, está se especializando em reabilitação física de grupos especiais e trabalha como personal trainer e professora de hidrofitness. Mas quer continuar no futebol, no qual entrou "de gaiata", como ela mesma contou.

Seu treinador de atletismo da UFSC perguntou-lhe se gostava de futebol e, diante da resposta afirmativa, sugeriu que fizesse um curso de árbitros da federação, em 2009. No ano seguinte, aos 18, começou a atuar nos gramados.

Depois de bandeirar em jogos amadores, das categorias de base, da terceira e da segunda divisão, a assistente estreou na Série A em 2013.

Da torcida, Fernanda costuma ouvir --entre outros-- gritos de "linda", mas afirma que não deixa isso desconcentrá-la. "O torcedor, quando vai ao estádio, quer extravasar. Eu levo numa boa."

AFASTAMENTO

Por conta da polêmica, nesta semana a CBF anunciou seu afastamento dos gramados por algumas rodadas, para fazer uma reciclagem.

"O afastamento é um procedimento comum. Todos os árbitros passam por isso, não só quando erram. Não é algo de outro mundo", afirmou.

A única coisa que deixou Fernanda chateada, diz, foi a repercussão das críticas entre seus familiares e também com o namorado.

"Não é fácil para meus pais digerirem tanta exposição de um dia para o outro. Meu namorado me apoiou e não gostou nada dos comentários. Ninguém gosta", disse.


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