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103 anos depois

Fundado em 1º de setembro de 1910, Corinthians finalmente estreia estádio à altura do clube e de sua torcida; Itaquerão foi idealizado há 30 anos por Vicente Matheus

ALEX SABINO DE SÃO PAULO

A última piada acaba neste domingo (18).

Durante décadas, o corintiano ouviu gozações por não ter troféus nacionais. Isso até ganhar o Campeonato Brasileiro de 1990. Depois foi a falta de Libertadores, título enfim conquistado em 2012.

Ficou a lembrança de não ter estádio, apesar do Parque São Jorge, modesto para o tamanho do clube --tem capacidade para 18 mil torcedores, enquanto a média do clube em 2013 foi de 24,8 mil.

Mas essa provocação terminará quando Corinthians entrar em campo hoje pela primeira vez no Itaquerão, às 16h, contra o Figueirense, pelo Brasileiro. "Quem tirou sarro do Corinthians tirou. Agora não tira mais", resumiu o ex-presidente Andres Sanchez, um dos responsáveis pela viabilização da arena.

Foram várias tentativas até o desejo de uma casa própria sair do papel. Em 1961, o então presidente Wadih Helu vendeu títulos patrimoniais para conseguir recursos.

Não deu certo. Mesmo assim, insistiu. Em 1968, pediu que os torcedores comprassem carnês que financiariam uma obra que ficou apenas na cabeça do dirigente.

Até que Vicente Matheus, presidente do clube em oito mandatos (1959, 1972, 1973, 1975, 1977, 1979, 1987 e 1989), cismou no final da década de 70: o estádio seria em Itaquera, zona leste da capital.

"O que está acontecendo agora foi o que o Vicente imaginou há mais de 30 anos", afirma Marlene Matheus, também ex-presidente do Corinthians e viúva de Vicente.

A área que conseguiu com a prefeitura em 1980 é a mesma em que o Itaquerão foi erguido três décadas depois.

Matheus era dono de terreno no bairro. Para fazer com que o metrô chegasse até lá (e consequentemente ao estádio), trocou com o Estado o espaço onde hoje está a estação Corinthians-Itaquera.

"O Vicente previu que o povo que gosta do Corinthians está maciçamente em Itaquera. Tinha de ser lá", completa Marlene.

PROJETOS

O Corinthians chegou a perder o terreno por não ter construído nada. Recuperou-o no início da década de 90. Ergueu um centro de treinamento das categorias de base para mostrar que havia dado utilidade ao espaço.

Mas Itaquera nunca foi unanimidade. Nem para Matheus. Seu primeiro projeto havia sido derrubar o estádio do Parque São Jorge e construir outro estádio no local.

Até que o Itaquerão virasse realidade, foram várias ideias que contemplavam a reutilização do espaço apelidado de Fazendinha.

"Temos opções mais viáveis para erguer um estádio para o Corinthians do que Itaquera", chegou a dizer Alberto Dualib, que comandou o clube entre 1993 e 2007. Na sua gestão, não faltaram planos para uma arena.

Entre eles, havia o projeto de estádio na rodovia dos Bandeirantes, patrocinado pelo Banco Excel.

Outro na rodovia Raposo Tavares, com o dinheiro do fundo de investimentos Hicks Muse. Também haveria a reforma do Parque São Jorge com a ajuda da Federação Paulista de Futebol.

Foi Andres Sanchez, mandatário entre 2007 e 2011, que viabilizou o Itaquerão, mas até que acontecesse, também ouviu ideias alternativas.

A construtora Gafisa pensou em comprar terreno na Marginal Tietê, onde existia o parque de diversões Playcenter, e dar para o Corinthians construir o estádio.

Os bancos Banif e Bradesco, em 2010, queriam que uma arena fosse colocada de pé em Guarulhos, na Grande São Paulo. Houve forte oposição dentro do conselho. Foram montados também projeções para que o Corinthians assumisse de vez o Pacaembu, casa informal da equipe.

Corintiano e então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva deu o empurrão que faltava para o estádio sair do papel. E em Itaquera, como Vicente Matheus imaginara 30 anos antes.

Ele pressionou a construtora Odebrecht a aceitar a incumbência de realizar a obra.

"Dizem que o Itaquerão está surgindo por causa da Copa. Na verdade, é a Copa que está entrando no Itaquerão", disse Lula, ao assinar o contrato para a construção da arena, em setembro de 2011.

Serão R$ 750 milhões a serem pagos pelo financiamento do estádio. É o preço para, enfim, acabar com a piada.


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