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Tostão

Vírus, transgressão e acaso

Se não fossem o acaso e os craques transgressores, os jogos da Copa seriam táticos, previsíveis

Faltam 25 dias para a grande festa do futebol, e o ambiente continua tenso, tumultuado, obscuro. Vários estádios ainda não estão prontos. Aumentaram os protestos, as greves, a incerteza, a perplexidade e a insegurança, diante de tanta violência. Existe uma descrença nas instituições. O cidadão está indeciso entre lamentar, protestar e festejar a Copa. Muitos farão de tudo.

Já com a seleção há um grande otimismo. O Brasil voltou a ser temido, ainda mais em casa, após a brilhante vitória sobre a Espanha, na Copa das Confederações.

Todos os outros técnicos estão estudando nossa seleção. Já sabem que o time brasileiro costuma marcar por pressão, desde o início, para tentar fazer logo um gol, e que, em vez da troca curta de passes e da posse de bola, prefere chegar rapidamente ao gol. Para anular essa velocidade, vão formar duas linhas de quatro, próximas à área, como fez o San Lorenzo, contra o Cruzeiro, que se limitou a dar chutões e a cruzar a bola.

Os outros técnicos sabem que os habilidosos laterais brasileiros avançam muito e que precisam ser marcados por meias, pelos lados. Sabem ainda que Daniel Alves, por causa de Hulk, é mais protegido que Marcelo, já que Neymar volta pouco para marcar o lateral. Por isso, muitas vezes, ele troca de posição com Oscar e passa a jogar mais pelo centro, mais próximo de Fred e do gol. Por outro lado, com Oscar pela esquerda, falta um meia de ligação, para ajudar os volantes na transição da defesa para o ataque.

Ainda bem que os zagueiros da seleção possuem um bom passe. Já os dos times brasileiros, com raras exceções, como o veterano Juan, do Inter, e o argentino Otamendi, do Atlético, só dão chutões. Quando tentam passar a bola, erram. Não treinam, e os técnicos não exigem isso deles, por medo. Cria-se um ciclo negativo de mediocridade. É uma, entre dezenas de deficiências.

Os outros técnicos sabem que Daniel Alves e Marcelo, por serem baixos, não fazem bem a cobertura dos zagueiros, nos cruzamentos pelo alto, de um lado para o outro, no segundo pau, nas costas dos defensores centrais. O Barcelona, com Daniel Alves e Jordi Alba, sofre muitos gols dessa maneira.

Felipão e Murtosa também sabem tudo sobre as outras seleções. Em uma Copa, com jogos mata-mata, as partidas tendem a ser muito táticas, na tentativa de controlar o imponderável e de anular a estratégia do outro time.

Ainda bem que existem o acaso, os jogadores excepcionais, transgressores, e a jogada de craque, que não precisa ser realizada, necessariamente, por um craque. Funcionam como um vírus, um vírus bom, que invade e desconfigura o sistema e engrandece o espetáculo.

Parafraseando a belíssima música de Lô Borges e Márcio Borges, quem sabe isso quer dizer talento, arte de jogar futebol?


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