Folha de S.Paulo

Na Copa, não se pode ser torcedor de clube, mas sim da seleção

BERNARDO ITRI MARCEL RIZZO SÉRGIO RANGEL ENVIADOS ESPECIAIS A TERESÓPOLIS

David Luiz, 27, sentirá um frio na barriga às 17h do dia 12 de junho. Será seu primeiro jogo de Copa. E também porque o Mundial será no Brasil.

Mas, no duelo contra a Croácia, haverá um motivo extra para o zagueiro titular da seleção se arrepiar: ele estreará no Itaquerão, o novo estádio do clube que o fez sorrir na infância e na adolescência.

Natural de Diadema (Grande SP), David sempre foi corintiano. A distância de sua casa até o Pacaembu (onde o clube mandava seus jogos) e a falta de dinheiro o impediam de ver o time. Acompanhava as partidas pelo rádio.

Ele falou à Folha com exclusividade na semana passada, em um evento da Gillette, uma de suas patrocinadoras. Ainda não havia trocado o inglês Chelsea pelo francês PSG, nem se apresentado à seleção.

Hoje, David Luiz não comenta o assunto porque o negócio ainda não é oficial --o PSG só quer que ele fale quando for apresentado. Ele só assinará contrato em julho, quando se abre a janela de transferências.

Folha - Como será para você, corintiano, estrear na Copa no novo estádio de seu time?
David Luiz - É prazeroso ter essa oportunidade neste momento, nunca tive a chance de jogar no Corinthians ou estar perto da torcida [o único time profissional de David no Brasil foi o Vitória].

Você acompanhava o time quando garoto, ia ao estádio?
Não ia a jogos do Corinthians, não tive oportunidade [faz gesto para mostrar que não tinha dinheiro, esfregando os dedos]. Vivia muito longe também, em Diadema. Ouvia muito jogo no rádio. Eu me lembro de ficar ouvindo "vai Marcelinho, vai Mirandinha". Lembro o zagueiro Célio Silva, o Henrique zagueiro também, toda essa turma.

Jamais frequentou estádios quando garoto?
Sim, mas só depois quando fui para o São Paulo, joguei na base lá, porque tinha uma carteirinha do clube e conseguia ver jogos no Morumbi.

Como espera ser recebido no estádio do Corinthians?
Bem, mas lembrando que não podemos nos dividir nessa hora. Não se pode ser torcedor de clube, mas sim da seleção. Vai ser um prazer jogar no estádio do Corinthians, como vai ser também nos outros estádios, mas o torcedor tem que mostrar em todos esses lugares essa alegria do povo brasileiro.