Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Esporte

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Meu estádio, minha vida

Torcida ignora Copa e celebra arena 'de Primeiro Mundo', mas reclama dos preços

LÍGIA MESQUITA DE SÃO PAULO

"Antes queriam zoar falando que a gente não tinha casa. Agora, nóis tem mansão", diz o corintiano Alex Ferreira, que esperou 37 anos para ver seu clube ter um estádio próprio. "A Arena Corinthians tem mármore, é muito louco. O banheiro é melhor do que de shopping, é de Primeiro Mundo. Todos os corintianos estão felizes."

A alegria de Alex "Branco", como é chamado ("porque na Gaviões [da Fiel] tinha outro Alex, o Preto"), com a inauguração do estádio Itaquerão não é só como torcedor.

Morador da Cohab 1, nas cercanias da Arena Corinthians, ele decidiu largar o emprego de segurança há dois anos e abrir o bar Bando de Loucos na garagem de casa. Agora, com os jogos do Corinthians acontecendo praticamente em seu quintal, o local virou o ponto de encontro de muitos torcedores.

Na partida contra o Botafogo no domingo (1º), o último teste antes da abertura da Copa, não foi diferente. Às 10h já estava estacionando um ônibus com torcedores vindos de São José do Rio Preto (a 438 km de São Paulo).

Diagnosticado com dengue e ardendo em febre, o estudante Mateus Kevin, 16, não hesitou em encarar a viagem de seis horas para ver seu segundo jogo no Itaquerão.

"Tomei dois litros de soro para poder viajar. Minha mãe não queria me deixar vir, mas eu disse que ia piorar se ficasse em casa casa", conta, ao lado do pai, o metalúrgico Maicol da Silveira, 37. "Ele não queria perder essa festa. A gente tá feliz demais com o nosso estádio", diz Silveira.

Durante o esquenta para o jogo, os corintianos faziam um churrasco colaborativo na frente do Bando de Loucos. A turma de Rio Preto chegou com 20 kg de kafta no espeto, e o restante dos torcedores colocava mais carne nos isopores. Tudo animado por uma roda de samba.

O advogado criminal Paulo Taunay, 38, era um dos únicos sem a camisa do Corinthians na porta do bar do Alex. De roupa social porque havia trabalhado pela manhã, ele também comemorava a segunda ida ao Fielzão, como a maioria dos frequentadores do Bando de Loucos apelidou o estádio.

"Podem chamar do que quiser, é nosso. Por mim, poderia ser Favelão. Não ligo para os detalhes de acabamento, assim como a Copa não importa pra gente", diz.

Seu amigo, o funcionário público Adilson Oliveira, 41, engrossava o coro dos que diziam não ligar para o Mundial. "Eu tô feliz em ter a nossa casa e nem aí pra essa Copa. Aqui é Corinthians!"

O empresário Michel Tadei, 39, ressaltava as qualidades do novo estádio, como a acústica, mas reclamava dos preços praticados. "A diretoria não pode onerar o bolso do corintiano. Os ingressos estão mais caros."

Feliz com a "casa própria corintiana" depois de 35 anos de espera, a produtora Arethuza Portella, 35, não escondia que o Itaquerão ainda tem problemas. "O acesso ainda está confuso, tem várias dificuldades. Mas é tudo novo, estamos aprendendo."

Em outro bar de Itaquera, na rua Dr. Luiz Aires, o vendedor Alexandre Soares, 41, se preparava para assistir "pela 625ª vez" a um jogo do Corinthians --a segunda no Itaquerão. Ele criticava quem falava mal do estádio.

"Quando você faz qualquer obra em casa, não fica faltando sempre coisas para remendar? Aqui também. Só tá faltando detalhe."


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página