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Franz Beckenbauer

O Brasil aguenta a pressão?

A Espanha, como a Alemanha, pode fazer história na América do Sul caso vença a Copa-2014

Depois de décadas como jogador, treinador e presidente do comitê organizador da Copa do Mundo de 2006 na Alemanha, estou feliz com a perspectiva de assistir à Copa do Mundo que está por começar na TV, do conforto de minha sala de estar. Só viajarei ao Brasil na semana final, em tempo para as semifinais.

Certamente não perderei nenhuma das partidas do Grupo D. Com Uruguai, Itália e Inglaterra, o grupo tem três "bombas", como se diria na minha Baviera natal. Três campeões mundiais. A Costa Rica desempenhará apenas um papel menor no grupo, mas pode ser um fator que influenciará as demais seleções. Em 2010, o Uruguai conquistou o terceiro lugar da Copa, e a Itália é a atual vice-campeã europeia. E os ingleses? Eles estão sempre no meio da ação e não devem ser subestimados, ainda que o último grande sucesso de sua seleção seja coisa do passado distante. Estão até treinando de luvas, para se acostumar com o clima do Brasil, mas... quem sabe? Pode ser que isso produza resultados.

O treinador da seleção italiana, Cesare Prandelli, está arriscando ao levar dois atacantes "" Mario Balotelli e Antonio Cassano "" que são difíceis de manter sob controle. Mas Prandelli teve ótimo desempenho na Eurocopa dois anos atrás, quando Balotelli marcou dois gols na semifinal e despachou a Alemanha. O jeito calmo e bem humorado de Prandelli é bem recebido pela maioria de seus jogadores. E Balotelli gerou entusiasmo verdadeiro naquele torneio. É uma pena que agora Riccardo Montolivo, o companheiro de equipe favorito de Balotelli, tenha quebrado a perna em um amistoso contra a Irlanda. O comando da equipe que Montolivo exercia do meio de campo fará falta à Itália.

Quanto ao Uruguai, embora seja um país pequeno, quase sempre se sai bem, o que para mim é sempre uma sensação. Por isso, não vou escolher um favorito para o Grupo D. Para mim, não há favorito.

SELEÇÕES FAVORITAS

O Grupo B também deve oferecer partidas disputadas. Justo na sexta-feira 13, a primeira partida do grupo oporá os dois rivais na final de 2010 "" Espanha e Holanda. E se um dos times sair derrotado dessa partida, pode ter o azar de ser derrubado pelo Chile. Seis meses atrás, os chilenos derrotaram a Inglaterra no estádio de Wembley, e alguns dias mais tarde perderam para a Alemanha por pouco "" apenas um a zero "" e com muita falta de sorte, se poderia dizer. Se Arturo Vidal, o líder da equipe no meio de campo, que operou o joelho, e o atacante Alexis Sanchez estiverem em forma, o Chile é capaz de encarar qualquer das seleções do torneio.

Acredito que a Espanha pode bem se ver defendendo seu título da Copa passada. A equipe talvez já não seja tão jovem ou tão dinâmica, e muitos de seus jogadores parecem fatigados ao final de uma longa temporada. Mas na Copa do Mundo nem sempre é o frescor físico que conta, mas também, e acima de tudo, a experiência. E quando se trata de experiência, a equipe de Xavi e Andres Iniesta dificilmente pode ser superada.

O treinador da Espanha, Vicente del Bosque, vê Xavi, 33, de maneira diferente do que o treinador do Barcelona na temporada passada, Gerardo Martino, que manteve o jogador no banco por longo tempo. E Del Bosque parece saber precisamente em quem confiar. Iker Casillas no gol, por exemplo, poderia ser um risco caso jogue como fez pelo Real Madrid na final da Champions League contra o Atletico Madrid. Mas não espero que isso aconteça. O que me parece importante é que Xabi Alonso voltou a jogar pela Espanha. Ele é o tipo de jogador que consegue manter um time unido.

Se a Espanha obtiver sucesso e conquistar novo título, seria a primeira vez na história do futebol que um time de fora da América do Sul venceria uma copa realizada naquele continente. Se tudo correr perfeitamente, acho que a Alemanha também poderia fazê-lo.

Isso de forma alguma significa desrespeito ao anfitrião Brasil. O fator decisivo, lá, será como uma equipe relativamente jovem conseguirá enfrentar a pressão, que crescerá dia após dia. Mesmo Neymar, que no Barcelona se acostumou ao ritmo de jogo europeu, continua a ser um jogador jovem, de 22 anos, apesar de toda a sua experiência. Quanto a isso, talvez convocar Kaká para a seleção tivesse sido uma boa ideia. No caso dos demais jogadores brasileiros, não estou certo de que sejam capazes de aguentar a pressão. Isso será determinado rapidamente quando eles enfrentarem seus adversários no Grupo A, Croácia, Camarões e México. Se tiver sucesso contra eles, o Brasil também tem chance de ser campeão mundial.

E a Alemanha? A despeito de preocupações quanto a lesões, ela é uma das favoritas. Será importante recuperar o goleiro Manuel Neuer e os meio-campistas Philipp Lahm e Bastain Schweinsteiger em tempo. Alguns duelos muito especiais podem ajudar o grupo a decolar. Por exemplo, na partida contra Gana, haverá a rivalidade de dois irmãos "" Jerome Boateng, do Bayern de Munique, defendendo a Alemanha, e Kevin Prince Boateng, do Schalke 04, defendendo Gana. No jogo entre a Alemanha e os Estados Unidos, haverá um empolgante duelo entre os técnicos e amigos alemães Joachim Löw, da Alemanha, e Jürgen Klinsmann, dos Estados Unidos. Klinsmann contratou Löw como assistente quando comandava a equipe de seu país, e agora treina os Estados Unidos, e conta com a assessoria de outro antigo treinador da seleção alemã, Berti Vogts.

É possível que o superastro Cristiano Ronaldo seja alvo de mais discussão na Alemanha do que em Portugal. Na final da Champions League, os jogadores do Atletico o marcaram com dureza. Ele parece encarar quase como insulto quando um adversário lhe rouba a bola, e é visível que perde o ímpeto. Esse deve ser o objetivo dos jogadores alemães: tentar parar Cristiano Ronaldo usando sua técnica.

Quem sabe? Pode ser que algum azarão cause empolgação.

Mas não antecipo que isso venha a acontecer.

MENOS EMPOLGANTES

O Grupo C, com Colômbia, Japão, Grécia e Costa do Marfim, não parece promissor quanto a empolgação. No Grupo F, temos Irã, Nigéria, Bósnia-Herzegovina e Argentina. Os sul-americanos são os claros favoritos. E, se Lionel Messi estiver em forma, eles têm muita chance de ir além.

No Grupo H, a Bélgica é vista como favorita e possível surpresa. Resta saber se isso será confirmado contra a Coreia do Sul, Argélia e Rússia. Talvez o goleiro belga Thibaut Courtois possa exibir a mesma magia que fez ao defender seu time, o Atletico Madrid, durante a Champions League.

No Grupo E, a França deve ter alguma facilidade contra o Equador e Honduras. Vou observar de perto a Suíça. É bem provável que eles avancem.

Já tenho a sensação de que, por três semanas, quase não vou sair do sofá em frente da televisão...


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