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Entrevista Diego Lugano

Ou nos superamos ou não teremos chance na Copa

Capitão uruguaio fala em realismo no mundial e deixa aberta opção de voltar ao São Paulo

DENISE MOTA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE MONTEVIDÉU

"Luis, para nós, é mais importante do que Neymar para o Brasil e Messi para a Argentina. O Uruguai sem Luis não é o mesmo, isso está claro. O clima é de serenidade, mas também de realismo."

Sem rodeios, é assim que Diego Lugano, capitão da Celeste, define a situação da seleção que comandará uma vez mais a partir de 14 de junho, quando o Uruguai, que chega hoje ao Brasil, estrear na Copa, contra a Costa Rica.

Irá enfrentar também Inglaterra e Itália, que, assim como o Uruguai, já conquistaram a Copa do Mundo.

O Luis a que ele se refere é Luis Suárez, artilheiro do inglês Liverpool, que se recupera de uma intervenção cirúrgica no joelho. Não há certeza de que ele possa defender o Uruguai no Mundial.

"Nosso jogo estava baseado na potência e nas virtudes de Luis e não o temos. Não há opções: ou nos superamos, ou não temos chances."

Capitão de seleções desde "a época do baby futebol, aos cinco ou seis anos", Lugano tem a missão de liderar uma equipe que precisa se reinventar e também vive o desafio de reinventar a si mesmo. Aos 33 anos, tenta se concentrar exclusivamente no futuro imediato e diz preferir não pensar em qual camisa vestirá depois da Copa e do fim do contrato com o inglês West Bromwich, em 30 de julho.

A do São Paulo, como vem pedindo a torcida tricolor, tem sido cogitada e envolve o lado sentimental, como diz nesta entrevista à Folha.

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Folha - De que modo a lesão de Luis Suárez afetou a seleção e seu trabalho como capitão dentro da equipe?

Diego Lugano - Luis, para nós, é mais importante do que Neymar para o Brasil e Messi para a Argentina. Passamos o ano inteiro com medo ou rezando para que não acontecesse nada com ele. Tanto pensamos nisso que, na última jogada do último jogo, teve uma lesão. Acho que foi o golpe mais duro que podíamos receber antes da Copa. Não há opções: ou nos superamos ou não temos chances. O clima é de serenidade, mas também de realismo.

O Maracanazo [vitória do Uruguai sobre o Brasil na final da Copa de 1950] é "pura mística", na sua opinião, e Oscar Tabárez [treinador do Uruguai] afirmou que prefere não pensar em Maracanã. Mas, a menos de 10 dias da Copa, isso é impossível...

Sim, é impossível. Eu acho que essa mística esteve muito presente nas eliminatórias. Algo nos obrigava a querer chegar ao Brasil. Sim, o Maracanazo é algo irrepetível. Mas quem pode dizer se essa mística, ao estar frente a frente com outra seleção, não te ajuda a lutar de igual a igual e a vencê-la? Como ganhamos do Brasil no Brasil, como ganhamos da Argentina na Argentina. Há algo. Há uma história que te empurra, e isso é positivo.

Você morou no Brasil por três anos. Como vê o clima social do país perto do Mundial?

O Brasil tem uma sociedade complexa. Mais do que um país, é um continente. Com uma realidade social muito variada, com diferenças em educação, em possibilidades, em distribuição de riqueza com uma brecha social enorme. Os protestos são inevitáveis, creio que se baseiam muito mais no que historicamente o Brasil e o continente vem passando. Espero que essa sede de justiça e de igualdade não termine quando se apagarem as câmeras da Copa.

Em uma entrevista de rádio aqui no Uruguai, você disse que algo sobre o qual se questiona todos os dias é voltar para o São Paulo. Essa dúvida está resolvida?

É muito forte a identificação que as pessoas têm comigo no São Paulo, é algo que me toca muito, move minhas estruturas. Sou agradecido, eternamente, pelo que o São Paulo me fez viver... A verdade é que não tenho palavras, é muito forte. Estou em uma idade em que as decisões familiares são iguais ou mais importantes que as esportivas. Depois da Copa veremos o que é melhor para todos.


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